A primeira grata surpresa do Lollapalooza Brasil foi a ótima organização do festival. Ponto para a Geo Eventos que esteve a cargo da produção. Deixei para pegar meus ingressos na porta, no primeiro dia do evento, sábado (7/4). Já fui preparada para uma grande confusão. Qual foi minha surpresa quando cheguei no Jockey Club de São Paulo e os funcionários estavam absolutamente bem organizados e instruidos. Em menos de 5 minutos, estava com meus ingressos em mãos, pronta para entrar no Festival.
Olhei para as filas e pensei: "Droga, vou perder Band of Horses" (banda americana que tocava as 17h, e o primeiro show que eu queria ver naquele dia). Pois em menos de 15 minutos eu estava dentro do Jockey e caminhando em direção ao palco Butantã para ver o show. Às 17h em ponto a banda estava no palco começando a tocar. Nunca tinha visto um festival tão pontual na minha vida. A grande maioria dos shows começou e terminou nos horários estipulados. Ponto novamente para a organização do evento.
A estrutura do festival era excelente. Muitas banquinhas de venda de bebidas e comida. Muitas filas para caixa (tudo era comprado com o Pillapalooza, moeda oficial do evento. Era preciso comprar a moeda e isso podia ser feito inclusive com cartão de débito, viva a modernidade!) e muitas filas para identificação de maiores de 18 anos para venda de bebidas alcoólicas. Ainda que extensas, as filas andavam rápido e a equipe que trabalhava na praça de alimentação estava bem preparada para o serviço (apesar de algumas baixas no final do dia... acho que não dimensionaram tão bem a quantidade de comida e bebida em relação ao público esperado...).
O clima estava delicioso. Nos dois dias não vi uma só confusão, nenhuma briga, nada que atrapalhasse o andamento das atrações e o público de assistir aos shows. Todos usando seus celulares e câmeras fotográficas à vontade, com a maior segurança. Muita gente aproveitando as áreas gramadas para descansar entre um show e outro, no maior clima Woodstock!
Uma grande ressalva. No show do Foo Fighters, última banda a se apresentar no dia 7, o som estava baixíssimo. O show foi maravilhoso. Banda e público completamente apaixonados, numa sinergia emocionante de verdade. Os músicos encantados, tocando com a maior empolgação e a plateia respondendo a altura a todas as provocações. O setlist foi perfeito. Revisitaram clássicos, escolheram as melhores do novo álbum, tivemos direito a dobradinha com Joan Jett tocando "Bad Reputation" e "I Love Rock n Roll"! Teria sido um dos shows mais perfeitos da minha vida não fosse a péssima qualidade do som. Ainda assim, valeu cada minuto das duas horas e meia.
No segundo dia, domingo, o público não poderia ter sido mais diferente. Hipsters e modernetes wanna be de todos os tipos. Era difícil definir exatamente qual era a banda mais esperada, os gostos da plateia estavam bem diluídos. Muitos pelo MGMT, muitos pelo Friendly Fires, vários pelo Foster the People, alguns pelo Jane's Addiction, a maioria pelo Arctic Monkeys. Mas nada que se comparasse ao público que esperou pelo Foo Fighters, talvez pela chuva, que acabou caindo na tarde de domingo e espantou muita gente antes do final do festival... Mas nem isso atrapalhou o clima delicioso do dia. Um desfile de capas de chuva tomou o gramado do Jockey Club e, mesmo assim, a animação de quem ficou não diminuiu. Problemas de som corrigidos, o último dia do festival correu da melhor maneira possível com apresentações irretocáveis das bandas do line up.
Destaque para a presença goiana do Black Drawing Chalks que, concorrendo com a gringa Friendly Fires, arrebatou grande parte do público da tarde de domingo, completamente hipnotizado pela apresentação dos meninos, cantando em alto e bom som os refrões do rock goiano! Sim, o rock está vivo e em excelente forma! Viva a cena independente de Goiás!
Foram dois dias de muita música, de ótima música! Foi bom ver um festival importado sendo realizado em terras brasileiras com tanta organização. Seja bem-vindo, Lollapalooza, te espero em 2013 (se o fim do mundo não vier antes...).
Luisa Teixeira Daher é administradora e produtora cultural