É... Parece que essas coisas andam juntas...
Quando em 2001 e 2002, começou o grande processo de popularização dos meios de gravação de áudio, vídeo, e, mais recentemente, a popularização dos meios de comunicação, não imaginávamos o que viria pela frente: uma temerosa, grande e absurda poluição de imagens, vídeos, sons e textos.
Quando eu era garoto, ouvir um vinil, ou uma fita cassete (que tinha menos qualidade) exigia mais atenção, era quase como uma refeição diante da fome...
Como o processo de gravação era mais caro, os filtros que submetiam os artistas aos diversos testes também eram mais exigentes... No fim desse processo, ao início dos anos 80, ainda vinham aos nossos ouvidos músicas que em sua maioria tinham o mínimo de qualidade.
Hoje, com milhares de ferramentas de divulgação, com diversas formas baratas de gravação, o curioso se depara com tudo, das obras primas mais sofisticadas do erudito musical ao lixo que pelo menos é cômico e nos faz rir...
Se antes era um amigo que nos induzia a ouvir algo diferente hoje não faltam tentações a ouvir algo fora do costume.
Acontece que essas tentações partem de manobras de publicidade e marketing não tão preocupadas com sua vida como um amigo...
O amigo ao menos podia gostar de você independentemente dos presentes que você podia dar. Já o mercado quer sua participação no marketing e na contribuição financeira.
A música interfere diretamente nas ações e decisões da vida, assim como no pensamento, nos estudos, no trabalho, na política. Não tenha dúvida.
Cabe a nós dentro dessa gama de material infinito – impossível de ser contemplado em uma vida – decidir o que ouvir, ler, ver, fazer; o que construir.
O mundo está poluído, mas nossos arquétipos caricatos ainda estão aí, para você se emocionar, rir, compartilhar...
É, foi e será uma questão de gosto diante da variedade musical, exótica ou não.
Cabe a nós decidir.
Chal é cantor, compositor e produtor cultural.
