O Governo lançou, na última quarta-feira, um pacote de medidas, desta vez com consistência. Isto é, não se tratou apenas de mais um pacote paliativo, como vem ocorrendo com medidas pontuais recentes.
Certamente a Presidente está percebendo que uma luz amarela está acendendo na economia brasileira nos últimos meses. Há um visível fraco desempenho econômico, levando o Governo a tentar reverter o quadro que aí está.
O que saudamos, todos os que queremos o desenvolvimento do país, é que, desta vez, os projetos indicam, auspiciosamente, mudanças sensíveis na gestão econômica do país: o que foi anunciado busca baixar o custo Brasil e abre caminhos para ampliar o papel da iniciativa privada na economia.
Há evidências de que há um convencimento de que as estratégias adotadas até agora deixaram de produzir efeitos e urge que novas medidas sejam tomadas.
Até há pouco, ainda se apostava na alta do consumo interno, com expansão de crédito e aumento da renda de parcela da população. É evidente que tais medidas não oferecem mais sustentação a taxas de crescimento capazes de fazer face à crise desencadeada na Europa.
A Comissão de Infraestrutura, que me honra presidir, sinalizou, em vários momentos de sua atuação, quanto à necessidade premente de serem aumentados os investimentos em infraestrutura, sob pena de a economia começar a sofrer as consequências, como, aliás, vem ocorrendo.
Saudamos a nova posição do governo, de buscar formas de baratear os custos da produção no país, ampliando as suas estratégias, o que, certamente, permitirá uma retomada do desenvolvimento, pelo menos a médio e longo prazos.
Certamente preocupam o Governo, como a todos nós, as seguidas projeções de crescimento que têm sido feitas sobre o PIB do Brasil. O próprio Governo baixou sua expectativa de 4,5% para 3%. Analistas ouvidos pelo Banco Central projetam apenas 1,81%, segundo o Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira.
Entre as medidas em discussão estão novas desonerações para a indústria, a redução das tarifas de energia, que deverão acompanhar essas medias com relação às rodovias e ferrovias.
O que elogiamos no plano proposto é a inversão na política econômica em curso no Brasil, com seu modelo reestatizante. Chamamos a atenção, entretanto, que a equipe econômica precisa dar sinais mais claros aos investidores sobre como pretende que os sonhados investimentos saiam do papel.
Elogiável, também, é a transformação da Empresa de Transporte Ferroviário de Alta Velocidade S.A. na Empresa de Planejamento e Logística (EPL), que cuidará de estudar a logística brasileira, outro ponto sobre o qual vem batendo a Comissão de Infraestrutura do Senado.
A EPL deverá construir e estruturar projetos, além de ampliar a base de possibilidades para que o governo atue na atração da iniciativa privada.
Tocada com competência gerencial essa empresa poderá realmente fazer a diferença.
Aguardaremos os próximos passos, mas o que foi anunciado se constitui numa expectativa de que a economia do país retome o seu fôlego de crescimento, como uma potência emergente que somos no atual concerto das nações.
*Lúcia Vânia é Senadora (PSDB) e jornalista.