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Anapaula de Castro Meirelles

A Hora de dizer Adeus

A morte no seu tempo certo | 19.09.12 - 11:50

Goiânia - Diante dos avanços nas discussões sobre o direito e a qualidade de vida dos pacientes em situações consideradas irreversíveis, a ortotanásia tem sido um assunto quase freqüente, pelo menos no meu convívio familiar.
 
A ortotanásia significa uma morte correta, ou seja, “morte no seu tempo certo”. Neste caso o paciente já está em processo natural da morte e recebe
uma contribuição do médico para que este estado siga seu curso natural.
 
Em outras palavras, o médico não está obrigado a prolongar a vida do paciente contra a vontade deste e muito menos aprazar sua dor.
 
Em minha opinião o médico tem a obrigação de prolongar a vida e não o processo de morte. Sei que o assunto é polêmico e envolve aspectos jurídicos, éticos, filosóficos, religiosos, técnicos e científicos.
 
Em relação à autonomia do paciente, me coloco no lugar do médico. Deve ser angustiante conciliar dois artigos do Código de Ética Médica: 56 e 66.
 
Essa questão não tem saído da minha cabeça, principalmente porque fui testemunha recentemente de uma história triste. Fiquei envolvida diretamente e posso garantir que um diagnóstico incurável e sem tratamento, vem carregado de muito sofrimento para o paciente, os familiares e a equipe médica.
 
Dessa forma a legitimidade do Conselho Federal de Medicina em reconhecer o testamento vital é sem dúvida um avanço, que reflete para o respeito da autonomia e da dignidade do paciente.
 
O testamento vital garante a escolha de uma morte digna e acredito ainda que é ato de amor a si próprio e aos que estão ao seu redor. Não quero ser mantida viva artificialmente e muito menos desejo uma sobrevida de sofrimento e de dor.
 
Em meu testamento vital deixo expressa a minha vontade de doar meus órgãos. Um ato que pode transformar a dor da morte em continuidade da vida. Descobri que um único doador pode beneficiar até 25 vidas. Isso não é maravilhoso, diante do inevitável?
 
Na história da qual fui testemunha, vivenciei uma situação de extrema dor e complexidade. Primeiro porque falo de uma filha, segundo....de deixar a
filha partir com a sensação de não ter lutado pela vida dela.
 
Eu entendo demais o lado desta mãe...mas, chega a hora de dizer adeus e liberar esta filha para o seu Renascimento. Sem dúvida alguma, eu sou a mãe que luta....mas, depois de viver essa história, passei a querer ser mais do que nunca a mãe que deixa partir.
 
Anapaula de Castro Meirelles é publicitária.  

Comentários

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  • 11.10.2012 18:05 Marina di Franco

    Momento difícil . Nossa família já passou por isso. Situação delicada. Decidimos que era chegada a hora de meu pai partir. Percebemos o nosso egoísmo. Goiânia, precisa estar mais preparada para a doação de órgãos. Não tem estrutura nenhuma. Ótimo texto para refletir e pensar.

  • 03.10.2012 15:14 Renata de Melo

    Desconhecia completamente sobre a ortotánasia e o testamento vital. Muito bom esta evolução do CRM. Ter uma morte digna é crime? Ótimo texto.

  • 28.09.2012 10:54 Anapaula de Castro Meirelles

    Agradeço imensamente todas as palavras de carinho. Meu respeito pra quem dedicou um tempinho pra ler este artigo. Confesso que li todas com muita emoção. Tentei falar com o coração. Que bom que tocaram vocês. Beijos em cada um.

  • 28.09.2012 07:29 Rogério Souza e Silva

    Vivi esta situação com o meu pai. Queríamos ele perto de nós e ele nos olhava pedindo pra que desistíssimos. Percebemos nosso egoísmo e sua dor. Sei exatamente o que vc tão bem colocou. O problemas dele era incurável. Ele foi pra casa e vivemos por quase 15 dias juntos. Nos perdoamos e foram os melhores dias de nossas vidas. Parabéns pelo texto. Fiquei bastante emocionado.

  • 26.09.2012 19:46 Antônio Carlos Benin

    Concordo com absolutamente tudo.

  • 25.09.2012 19:35 Andreia Carvalho

    Texto muito bom e sensível. Assunto delicado que merece ser debatido. Desconhecia totalmente o Testamento Vital. Só acho que enquanto há vida há esperanças.

  • 23.09.2012 09:55 Suzana Mendes Mendonça

    Ana, que abordagem coerente e lúcida. Apesar de estarmos longe uma da outra. Penso todos os dias na nossa amizade. Ficava assustada quando você falava com naturalidade sobre a morte. O tempo me fez compreender seu pensamento. Fecho os olhos e vejo você falando e gesticulando de maneira engraçada e feliz. Obrigada por ter psrticipado da sua vida. Minha família tem muito carinho por você e vez ou outra minha mãe pergunta cadê a Ana? Eu sempre respondo que você está linda por fora e por dentro. Parabéns pelo texto e vem me visitar em Curitiba. Parabéns pela conquista do Alberto. Sei que o mérito é todo seu e dos seus pais. Bj

  • 22.09.2012 12:59 Gustavo Amorim asilva

    Muito bom o texto. Um assunto que também poderia ser abordado é a conscientização da doação de órgãos e a morte humanizada em casa próximo dos familiares e amigos.

  • 21.09.2012 20:50 Cida Lopes

    Muito sensível. Gosto das suas postagens no fb. Queria ser sua amiga lá. O convite está penente. Me aceita lá. Com relação a doação de orgaos tenho receio do comércio que rola. Bj

  • 21.09.2012 09:04 Natália Gabriel Costa

    Cris, que você esteja em um bom lugar. Ana, parabéns pelo texto e pela sensibilidade. Valiosas informações que desconhecia por completo. Você não me surpreendeu. Só esperava esta atitude sua. Quero fazer o mesmo. A Redação está de parabéns por abordar um assunto delicado porém realista.

  • 21.09.2012 01:30 Gilmar van wellent

    Nunca havia pensado sobre isso. Eu também não quero ficar liado a aparelhos. Ótimo assunto pra pensar. Gostei da abordagem.

  • 20.09.2012 18:38 Junior meirelles

    Tenho o mesmo pensamento, parabens pelo texto. Bjos

  • 20.09.2012 16:20 Giselle Coimbra De Paula

    Que lindo o texto. Não havia pensado por esta ótica. Gostei da sua sensibilidade. Não há conheço mas tenho amigos que falam muito bem de você. Dizem o quanto é generosa e divertida. Parabéns pelo texto.

  • 19.09.2012 22:03 Fatima Rosa Naves

    Ótimo texto Anapaula, reflexivo e realista

  • 19.09.2012 21:21 Ludmilla Faria

    Lindo texto amiga, depois de tanto sofrimento ficam a experiencia e os momentos de reflexoes que nos enriquecem e nos fazem rever conceitos e paradigmas. Sem duvida um aprendizado para toda vida!

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