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João Camargo Neto

O coração do coração do Brasil

Temos o amarelo mais luminoso da primavera | 30.06.11 - 11:39

Não raro, ouço queixas sobre Goiânia de amigos de outros estados e até de goianos da Capital e do interior. Algumas até acho válidas. No entanto, defendo - não desde criancinha, pois passei a apreciar a cidade há pouco tempo - com unhas, dentes, informações e argumentos o município que eu escolhi para viver. Aliás, que me escolheu, pois me recebeu em 2001 de braços abertos e com oportunidades progressivas.
    O palco onde idealizei este texto é um desbunde. Tive a ideia de escrevê-lo enquanto corria no Lago das Rosas, atividade que cumpro religiosamente ao menos três vezes por semana sempre no mesmo lugar. Era manhã de domingo. Enquanto eu percorria meus dez quilômetros, outros atletas de fim de semana faziam o mesmo, famílias realizavam piqueniques, casais namoravam, avós passeavam com seus cachorrinhos e assim por diante. Todas as tribos na mais perfeita harmonia pintam esse quadro dessa cidade pequena, nova, plural e acolhedora.
    O cenário não é exclusividade do hospedeiro do Zoológico de Goiânia, que arrasta uma mácula, queira Deus, somente até outubro, para quando o prefeito Paulo Garcia promete reinaugurar o espaço. Outros parques e bosques da capital têm a mesma configuração. Eles não são restritos, vale lembrar, às áreas nobres da cidade.
    Bairros bem vistos pela especulação imobiliária como Oeste e Jardim Goiás desfrutam desses oásis verdes tanto quanto setores com metros quadrados menos valorizados, como Goiânia Viva e Goiânia 2, por exemplo. As estruturas são as mesmas. Hoje moro no Bueno e corro no Lago das Rosas, mas vivi no São Judas Tadeu e fazia o mesmo no Goiânia 2. O objetivo não é me ater, entretanto, às meninas dos olhos da Agência Municipal do Meio Ambiente.
    Minha vizinha me presenteou com uma bacia de pães de queijo na noite de sábado. Não foi a primeira vez que a odontóloga quis me agradar com sua habilidade culinária. O proprietário do meu apartamento, com idade para ser meu pai, me convidou para o noivado dele com uma simpática morena com quem troquei poucas palavras nas duas vezes que vi. Fiz questão de ir.
    Estar sem carro não é impedimento para sair. Meus amigos não admitem que eu tome táxi. Ser apanhado e deixado na porta do prédio é uma constante. Não temos referência em alta gastronomia, mas não é difícil comer nem beber bem por aqui e a preço justo e com o chef da cozinha bebericando na nossa mesa.
    Até agora, as linhas que tracei podem soar, a quem tem outros tipos de ambientes, vizinhanças, costumes e círculos de amizades diferentes, como algo bem tacanho, como costumam classificar Goiás e Goiânia. No entanto, tudo isso faz parte do jeito goiano de ser. E do jeito goianiense de viver. Porque, apesar de ser capital e de ter um milhão de habitantes, Goiânia vai ser para sempre o coração do coração do Brasil.
    Não temos praias banhadas pelo Atlântico, aeroporto internacional – é assim que a Infraero enquadra o Santa Genoveva - digno, voos diretos para todas as demais capitais brasileiras, vários políticos de projeção nacional, grande quantidade de músicos com milhões de cópias vendidas, artistas plásticos frequentemente em exposição na Bienal de São Paulo nem escritores entre os mais lidos. Temos, contudo, o ceu mais puro do inverno, a chuva mais gostosa do verão, o amarelo mais luminoso da primavera – leia-se ipê – e o tapete de flores mais harmônico do outono.
    Além de todos os nossos simples fatores naturais, que têm cheiro, cor, gosto, textura e som os mais límpidos possíveis, com os quais não há nada entre e o Leme e o Pontal que compita, há uma gente tão generosa e de coração tão afável que ouve ingratas reclamações estrangeiras, mesmo quando o autor é recebido com um abraço, e retribui com outro abraço. E o abraço do goianiense não é quente nem frio. É quente, se for inverno, e frio, se for verão. O abraço do goianiense sempre tem a temperatura ideal. Acredito piamente que Deus é brasileiro e que Ele foi registrado em algum cartório de Goiânia.

João Camargo Neto é jornalista


Comentários

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  • 16.02.2012 09:58 gabriel

    eu queria saber o porque Goiânia é o coração do Brasil

  • 20.10.2011 03:27 Silvana Toledo

    É muito gratificante ler uma matéria que enaltece a hospitalidade de meus conterrâneos. Goiânia é acolhedora, sim, e continuará sendo reconhecida por essa característica, enquanto houver um "nativo" que ofereça um pão de queijo saído do forno, ou uma carona, ou simplesmente um sorriso amigo e acolhedor para quem realmente mereça! Parabéns pelo seu texto!

  • 13.07.2011 11:45 Thais Fleury Scheideman

    Voce esta com tudo, menino! Texto delicioso! Ah....So para completar: Goiania tambem tem o por-do-sol mais lindo do mundo! Cheers!

  • 09.07.2011 16:07 Jerônimo Venâncio

    Delícia de texto, João! Parabéns... E assim como você, também me sinto acolhido em Goiânia.

  • 04.07.2011 20:54 ciro castro

    bom texto, mas Goiania não é pequena!

  • 04.07.2011 17:55 Ana Canêdo

    Adorei, João. Por estas e outras eu, que não nasci em Goiânia, ammmoooo esta cidade e concordo com cada palavra que você escreveu. E hoje, aprendi a amar Brasília também e me sinto muito bem acolhida aqui. Mas, sempre que dá, pego feliz a BR-060.

  • 04.07.2011 17:00 João Camargo Neto

    Grato pelos comentários. Até sexta-feira.

  • 03.07.2011 14:16 Marilda

    Artigo bom de ler, retrata nosso modo goiano de vida. Moro em apartamento, estou no meio de edifícios que limitam a vista do céu azul rosado de julho. Mesmo com o bloqueio visual enxergo alem e vejo o verde dos parques, as ruas sem ladeiras onde posso caminhar tranqüila e cumprimentar outras pessoas que, como eu, andando sem pressa, usufruem esta cidade que insiste ser transformada em metrópole. O artigo merece fotos ilustrativas. Aí então a gente podia exibir para os parentes distantes a cidade onde escolhemos morar.

  • 02.07.2011 17:45 Joao Oab

    Mandou bem, xara.

  • 01.07.2011 16:34 Káttia Daniel

    Lendo o seu texto, me bateu uma nostalgia. A forma como você expressou emoções e sentimentos conhecidos por goianienses e agregados desta cidade linda me fez lembrar do quanto fui feliz aí. O que você escreveu não foram meras palavras, elas ultrapassaram a função meramente técnica. Você conseguiu agregar a elas parte dos seus sentimentos e dos sentimentos de todos os goianienses. Parabéns.

  • 01.07.2011 11:57 Caroline Unes

    Adorei o texto!!! Quando mudei para Goiânia recebi o mesmo carinho e as pessoas me acolheram com muito amor...

  • 30.06.2011 22:04 Bia Tahan

    Parabéns João. Adorei o texto e acho mesmo o goiano um sujeito muito boa praça. bjs

  • 30.06.2011 14:46 jordana frauzino lima

    Lindo texto! É maravilhoso saber que a cidade que você escolheu para viver te acolheu tão bem! Como diz o ditado: "santo de casa não faz milagre", não damos valor ao que é nosso! felicidades: cidadão goianiense!

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