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Marina Sant'Anna

Somos todas ‘Margaridas’

Milhares de mulheres de luta em Brasília | 17.08.11 - 14:25

 

Milhares de mulheres de luta de todos os cantos e recantos ocuparam essa semana o centro do poder do País, na maior manifestação da América Latina, a Marcha das Margaridas. O ato começou nos estados. Caravaneiras dos campos, florestas e cidades viajaram até três dias para dar visibilidade à sua pauta.
 
Elas reivindicam reconhecimento social e político e cidadania plena. Comemoram os cinco anos da lei Maria da Penha, mas exigem avanços no combate à violência doméstica, que persiste. Consideram paradigmática para o protagonismo feminino a eleição da primeira mulher Presidenta, Dilma Rousseff, mas sabem que os espaços de poder são ainda muito desiguais entre os gêneros.
 
Defendem um modelo de sociedade em que todas as mulheres e homens sejam livres de fato. Lutam por creche pública de qualidade para trabalhadoras rurais e urbanas, atualização do índice de produtividade da terra e ratificação da convenção 159 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê igualdade de direitos entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
 
A maior mobilização de mulheres trabalhadoras rurais do campo e da floresta do Brasil tem esse nome como uma forma de homenagear a trabalhadora rural e líder sindical Margarida Maria Alves. Grande símbolo da luta das mulheres por terra, trabalho, igualdade, justiça e dignidade, Margarida rompeu com padrões tradicionais de gênero ao ocupar por 12 anos a presidência do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Alagoa Grande, Estado da Paraíba. À frente da entidade, fundou o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural. Margarida Alves foi brutalmente assassinada pelos usineiros da Paraíba em 12 de agosto de 1983.
 
A marcha homenageou também a pernambucana Elizabeth Teixeira, de 86 anos. Viúva do fundador das Ligas Camponesas João Pedro Teixeira, assassinado em 1962, ela criou sozinha 11 filhos no meio rural. A escolha foi uma forma de lembrar as mulheres ameaçadas ou assassinadas no campo. Segundo a Contag, em 10 anos, as mulheres ameaçadas de morte na região amazônica passaram de 7% para 20% dos nomes listados anualmente pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
 
A luta de Margarida Alves não foi em vão. Agora, somos dezenas de milhares de “Margaridas” a marchar e a lutar por um mundo melhor para as mulheres e para todos. Desde o começo deste milênio, já foram realizadas três marchas, nos anos de 2000, 2003 e 2007, tendo como plataforma política e pauta de reivindicações demandas estruturais e conjunturais e aquelas específicas das trabalhadoras do campo e da floresta, sempre buscando a superação da pobreza e da violência e o desenvolvimento sustentável com igualdade para as mulheres.
 
Como bem disse a coordenadora geral da Marcha das Margaridas, Carmen Foro, ela que também é a Secretária de Mulheres da CONTAG: “Saímos de vários lugares e cruzamos as estradas, rios e céus do Brasil em marcha para transformar nossas vidas e de outras tantas mulheres”.
 
A Marcha, organizada pela Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura (CONTAG), Fetag’s, Central Única dos Trabalhadores (CUT) e dezenas de outras organizações da sociedade civil, em 2011, denuncia e protesta contra a fome, a pobreza e todas as formas de violência, exploração, discriminação e dominação e busca avançar na construção da igualdade para as mulheres. Atua para que as mulheres do campo e da floresta sejam protagonistas de um novo processo de desenvolvimento rural voltado para a sustentabilidade da vida humana e do  meio ambiente. Quer dar visibilidade e reconhecimento à contribuição econômica, política e social das mulheres no processo de desenvolvimento rural. Propõe e negocia políticas públicas para as mulheres do campo e da floresta.
 
A Plataforma Política da Marcha tem como principais eixos este ano: a biodiversidade e democratização dos recursos naturais, bens comuns; Terra, água e agroecologia; Soberania e segurança alimentar e nutricional; Autonomia econômica, trabalho, emprego e renda; Saúde pública e direitos reprodutivos; Por uma educação não sexista, pela autonomia econômica e pessoal, livre orientação sexual e o fim de todas as formas de violência contra as mulheres; Democracia plena: pela ampliação da participação das mulheres do campo e da floresta nos espaços de poder e decisão política no País; reforma política  com igualdade para as mulheres.
 
Sabemos que toda uma herança histórica de desigualdade de gênero não se apaga num piscar de olhos. Mas temos convicção de que as várias medidas a serem anunciadas pela Presidenta Dilma Rousseff e pela Ministra da Mulher, Iriny Lopes, na tarde desta terça-feira, irão de encontro à pauta de reivindicações das mulheres dos campos e das cidades, constituindo-se em mais um marco no processo de avanço de nossas lutas.
 
Nosso mandato de deputada federal pelo Partido dos Trabalhadores/Goiás tem atuado para que mais e mais mulheres sejam protagonistas de suas conquistas e direitos. A Marcha das Margaridas é um farol para essa nossa longa caminhada.
 
Marina Sant’Anna é deputada Federal (PT-GO)

Comentários

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  • 06.09.2011 00:37 João Borges

    Marina Sant'Anna, quanto prazer ler este texto inteligente, esclarecedor. Você veio enriquecer este espaço maravilhoso de A REDAÇÃO. Vida longa e próspera. Saudades de nosso tempo de segundo grau e Universidade Católica. Abraços

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