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João Batista Araujo e Oliveira

Corporativismo, de novo, contra a educação

| 29.11.12 - 18:13

São Paulo - Cláudia Costin é secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro e foi ministra da Administração no governo FHC. Como gestora experiente, ama falar em resultados.
 
Aloizio Mercadante, ministro da Educação e economista, sabe disso e ama Cláudia Costin. Ele a convidou para assumir a Secretaria de Educação Básica da sua pasta.
 
Mas, nessa história de amores, há quem não ame resultados nem, claro, Cláudia Costin.
 
Um grupo de professores universitários organizou um abaixo-assinado protestando contra o convite feito a ela feito por Mercadante. Foram seguidos por milhares de adeptos e por entidades como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
 
O texto do abaixo-assinado traduz o atraso da educação no Brasil: repete surrados jargões anti-imperialistas, defende as fracassadas ideias dos seus autores, que tiram do baú a velha cantilena da esquerda ultrapassada.
 
Segundo os autores, Cláudia é o arauto das forças internacionais que conspiram contra os pobres brasileiros. Ela milita pela desqualificação da educação, pois implementa propostas que anulam o senso crítico do aluno, cria bônus para premiar desempenho de professores e aniquila “sujeitos históricos”, como os professores e os alunos.
 
O manifesto ainda diz que pessoas como Cláudia Costin devem ser evitadas na administração pública, para que não reduza os alunos a “indivíduos médios, reproduções de tipos ideais que incorporam todos os traços e qualidades de que se nutrem as comunidades ilusórias”.
 
Entendeu? Nem eu. Mas pessoas que escrevem assim são as que vêm ditando os rumos da educação.
 
Os autores concluem protestando contra o arbítrio economicista, degradante e mutilador que a presença de Cláudia no ninho petista traria à educação básica.
 
Após quatro ministros, o PT ainda não sabe se tem agenda para a educação. E agora Mercadante convida essa cruel megera para pousar num ninho onde tucano não deve pousar?
 
Os que querem manter o status quo não se conformam. A velocidade e intensidade da reação ilustram a virulência dos beneficiários do poder, que não abrem mão de suas ideologias, nem diante dos retumbantes fracassos de suas propostas.
 
Mercadante jogou a sua cartada. O recado foi dado. É preciso mudar.
 
É preciso libertar o MEC da prisão corporativista em que se meteu. Passou da hora de romper com o dogmatismo ideológico das universidades e núcleos que propagam ideias equivocadas e ineficientes há décadas.
 
É preciso avaliar o resultado das décadas de cursos inócuos para capacitar professores. É preciso saber onde foram os bilhões de reais destinados a cursos de alfabetização de adultos e à formação profissional improvisada e avaliar os resultados desses cursos. É preciso dar espaço a quem tem resultados para mostrar e estimular iniciativas que possuem evidência comprovada de sua eficácia.
 
Por fim, é preciso alfabetizar as crianças aos seis anos de idade, como se tenta fazer no Rio, e usando estratégias e métodos adequados, como se faz em Sobral há vários anos, e não até os oito, como propõem os sectários que se apropriaram dos canais de decisão do MEC.
 
O estrago foi feito. Mercadante sinaliza que quer romper com o imobilismo dos que vêm imobilizando o MEC, especialmente na área de educação básica.
 
Cláudia já comunicou ao ministro que não aceitará a oferta, mas o estrago dentro do PT está feito. Mercadante está na linha do pênalti. Se marcar o gol, será vaiado pela plateia cativa. Mas poderá ser aplaudido pelo Brasil.
 
João Batista Araujo e Oliveira, presidente do Instituto Alfa e Beto 

* Artigo publicado no jornal Folha de São Paulo

Comentários

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  • 03.12.2012 08:23 Renato Naves Prado

    "é preciso alfabetizar as crianças aos seis anos de idade" soa como a maior das Ditaduras. E olha que eu nem sou de esquerda. Nota-se que o senhor, João Batista Araujo e Oliveira, presidente do instuto Alfa e Beto, se valhe de sua "patente" para defender que a educação seja tal qual uma linha de produção industrial. Que todos tenham as mesmas referências e que estas sejam traduzidos por fim em números. Pois saiba que muito tem que mudar na educação sim! Muito! Mas com certeza não é andando para trás. O senhor, assim como muitos do governo, parece prezo a modelos de estruturas comprovadamente ultrapassadas, para não usar palavras mais degradantes. Quando se tratará as pessoas como humanos que são em suas individualidades? Chega de sociedade conformista, em estado de coma.

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