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Elizabeth Cristina

Igualdade e o reconhecimento das diferenças

| 28.03.13 - 16:00


Goiânia - Como acontece todos os anos, o Dia Internacional da Mulher foi celebrado com flores, brindes e mensagens doces sobre as qualidades femininas. Passada a data, no entanto, pouco se fala sobre os desafios enfrentados pelas mulheres na busca de uma condição de vida mais justa e igualitária. A prova de que esta luta exige persistência e atenção é o fato de que a Organização das Nações Unidas (ONU), ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu como um dos oito Objetivos do Milênio “Promover a Igualdade entre Gêneros e a Autonomia das Mulheres”. 

O empoderamento das mulheres é importante não apenas para o cumprimento do Objetivo da ONU, mas para vários outras questões, em especial aquelas ligadas à pobreza, fome, saúde e educação. No Brasil, as mulheres já estudam mais que os homens, mas ainda têm menos chances de emprego, recebem menos do que homens trabalhando nas mesmas funções e ocupam os piores postos. Em 2008, 57,6% das brasileiras eram consideradas economicamente ativas, frente a 80,5% dos homens. Em 2010, elas ficaram com 13,6% dos assentos no Senado, 8,7% na Câmara dos Deputados e 11,6% no total das Assembleias Legislativas.

Em função do aumento significativo no índice de matrículas de meninas no ensino primário, muitos países estão conseguindo alcançar igualdade de gênero nas escolas. Em 2008, havia 96 meninas para cada 100 meninos matriculados no ensino primário, e 95 meninas para cada 100 meninos matriculados no ensino secundário nos países em desenvolvimento. A expectativa é de que esse objetivo seja alcançado globalmente em 2015 para ambos os níveis de ensino. Já a cota global de mulheres no parlamento continua a crescer lentamente e chegou a 19% em 2010. Ações afirmativas continuam sendo o principal fator a impulsionar o progresso das mulheres.

Entretanto, além de investir em ações afirmativas, é imprescindível que se reconheça as diferenças entre gêneros para se promover a igualdade. Por mais discrepante que pareça, a realidade é que o alcance da paridade entre homens e mulheres somente poderá se dar por meio do reconhecimento das distinções de ambos. Não é possível, por exemplo, negar o fato de que mulheres engravidam, passam nove meses gestantes e depois precisam se dedicar por mais algum tempo ao bebê. Uma empresa não pode ignorar este diferencial e dar a uma colaboradora grávida o mesmo tratamento que dispensado a um colaborador.

A questão não é a existência de diferenças biológicas ou culturais entre gêneros, mas a forma como se lida com elas. Vejamos novamente o caso da mulher gestante. Há empresas que consideram a contratação de mão de obra feminina um transtorno, pela possibilidade de a colaboradora se casar e decidir construir uma família, o que envolve a geração de uma criança e o afastamento do ambiente de trabalho por algum tempo. Tal visão, porém, não leva em conta o fato de que esta mesma mulher, na posição de mãe de família e de uma das provedoras do lar, acaba reforçando seu caráter responsável, elevando seus níveis de comprometimento perante a empresa.

Engana-se quem pensa que o trabalho torna-se aspecto secundário na vida de uma mulher que deu a luz. Justamente por ter em mente as várias necessidades financeiras que envolvem a criação de um filho, os diversos gastos com educação, saúde, cultura e alimentação, a tendência da mãe é ter uma relação de extrema dedicação e seriedade com seu emprego. Ela sabe que não pode prescindir daquela ocupação e, por isso, atua com mais afinco e garra. A maternidade torna a mulher mais flexível, disposta a conciliar diferentes visões e posturas, além de reforçar sua tendência de ser multifuncional. 

Uma empresa que reconhece as diferenças entre gêneros e acolhe essas distinções, acaba extraindo o melhor de seus colaboradores e dando a eles mais condições de se desenvolverem de forma plena e satisfatória. Uma mulher que tem a licença-maternidade concedida, que dispõe de um espaço para o aleitamento dentro da organização e que pode permanecer com seus filhos em momentos importantes sente-se valorizada, não apenas enquanto colaboradora, mas enquanto ser humano, e busca retribuir a valorização em forma de trabalho competente e sério. 

Reconhecer as diferenças entre gêneros e compreendê-las, não como antagônicas e repletas de juízos de valor, mas como complementares e inerentes à condição de homens e mulheres, é uma atitude que colabora não apenas para o estabelecimento de uma relação igualitária entre o masculino e o feminino, mas também para a construção de um mundo mais pacífico e rico. Cada um a sua maneira, com suas habilidades e peculiaridades, é capaz de crescer enquanto pessoa e, principalmente, de ajudar o próximo a crescer e se desenvolver. Diferentes, sim, mas dispostos a caminhar lado a lado, com cooperação e respeito. É o que queremos para homens e mulheres.

Elizabeth Cristina da Costa é membro do Conselho de Administração e diretora de Responsabilidade Social da Tropical Urbanismo e Incorporação e mestranda em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 

Comentários

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  • 06.04.2013 11:21 synture rawa spitz hahamovici

    Tenho a nímia e alcandorada honra de ser amiga da Dra.Profa.Elizabeth Cristina da Costa,uma das mais admiráveis e grandiosas mulheres que já conheci em toda esta minha jornada terrestre,terrena e terráquea. Sem favor algum e com total naturalidade,a Dra.Profa.Elizabeth arvora-se em cidadã goiana,goianiense,prestigiando esta cidade e este Estado com seu brilho,sua cultura,sua grandeza humana,bem como,na condição de cidadã kósmica,sempre me prestigia com sua prócera dignidade de amiga,muito querida.PARABÉNS,PRECIOSA AMIGA,POR TUDO QUE ÉS E REALIZAS,DE FORMA BRILHANTE E ALTILOCADA!!!

  • 02.04.2013 00:10 Ivan Hermano Filho

    Beth, Seu excelente texto retrata a necessidade cada vez mais premente da compreensão das desigualdades! Parabéns pela forma clara e objetiva de sua escrita. Precisamos de novos pensamentos seus para breve! Abraços, Ivan

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