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Jales Rodrigues Naves

Anotações de uma viagem a Paris

Parte 1 | 23.10.13 - 09:49
Paris - Tarde de segunda-feira. Desci do avião e minha bagagem atrasou muito. Fiquei quase uma hora esperando. Demorei para sair porque precisei auxiliar um carioca que estava viajando com seu filho. Ele não falava francês e estava mais perdido que cego em tiroteio. De lá fui pegar metrô. A malha subterrânea é extensa e complexa.

Ficava difícil parar e ler direitinho porque o movimento é gigantesco e as pessoas saem trombando. Acabei achando meu caminho perguntando para as pessoas mesmo. O parisiense é muito educado e cordial. Uma moça até alterou o caminho dela para me levar em uma outra estação que eu não conseguia encontrar.
Ao chegar descansei e fui passear. Comi alguma coisa na rua e acabei comprando um vinho e tomando às margens do Sena.
 
Transporte público aqui é maravilhoso. O metrô e as linhas de ônibus cortam a cidade inteira. Tem outra coisa interessantíssima também. Espalhados pela cidade, há umas estaçõeszinhas onde você pode pegar uma bicicleta e devolvê-la em outra estação. Comprei um ticket de uma semana por 9 euros e rodei quase a cidade inteira já, só de bicicleta.
 
Percebi que me interessei muito mais pela dinâmica da cidade e em conhecer as pessoas do que visitar os pontos famosos. Ontem à noite e hoje mesmo, de bicicleta, já passei na porta de quase tudo: Louvre, Torre Eiffel, Bastilha, Notre Dame etc. Amanhã planejo fazer uma visita mais elaborada a cada ponto turístico. Devo ter pedalado uns 10km ontem e hoje mais uns 20km, além de ter caminhado uns 15. Andei sem parar.
 
A cidade é bonita e interessante. Os imigrantes tomaram o local. Há mais africanos, indianos e chineses do que franceses por aqui. E eles não falam francês (tirando os africanos), nem inglês, muito menos espanhol ou português. Então conversar fica complicado. A comunicação acaba sendo prejudicada e reduzida a uma forma meio neandertal: grunhidos e sinais de sim ou não. Pode ficar orgulhosa, mãe. Meu francês, inglês e espanhol estão bastante afiados (principalmente o inglês, claro).
 
Achei as pessoas um pouco solitárias, pois andam na rua quase sempre desacompanhadas e, como é a febre mundial, todos olhando para baixo, mexendo no celular. Ninguém olha no olho de ninguém. É uma multidão de gente sozinha. Os bares e cafés estão quase sempre cheios, mas em cada mesa está sentada apenas uma pessoa. Não é à toa que aqui tem tanto cachorrinho. E 90% são ‘malinhas’, mas uma variante grandona.
 
Carro aqui é barato, mas não há essa tara igual no Brasil. Quem tem carro de luxo é mais imigrante mesmo. Os franceses preferem carros bem pequenos (smartcar, que são híbridos. Em todo lugar há vaga para estacionar com tomadas para os carros elétricos). Fiquei um pouco incomodado com algumas coisas. As pessoas realmente não são chegadas num banho e o hálito é péssimo. Vários pontos da cidade fedem a urina e o Sena tem cheiro do canal de Cabo Frio. Nesse âmbito "olfativo", não tem sido uma experiência boa.
 
Estou rodando sem mapa, mas por opção mesmo. Saio cortando caminhos a pé e acabo tendo surpresas agradáveis e algumas desagradáveis. Algumas vezes parei em umas vielas muito bonitas e, em outras ocasiões, acabei entrando em becos sem saída e tive que voltar por todo o caminho percorrido.
 
As coisas não são muito caras, mas os preços são díspares. Uma garrafa de vinho pode custar apenas dois euros, mas uma garrafa de água chega a quatro euros. A água aqui, inclusive, tem aquele gosto alcalino horrível da água do Peru.
 
Jales Rodrigues Naves Júnior é advogado, sócio-proprietário do escritório Naves & Oliveira Advogados.

Comentários

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  • 24.10.2013 13:07 Denise Rodrigues

    Jales, sou goianiense e moro (legalmente) a cinco anos em Paris. Se ainda estiver em Paris, te convido a conhecer alguns amigos meus franceses e você vera que essa impressao de que francês é sujo, fedido e tem halito ruim, nao passa de um clichê. Aquele mesmo que toda brasileira é gostosa que so anda de fio dental, que todos gostamos de futebol e que o ano inteiro é carnaval. Muito triste tirar esse tipo de conclusao quando se esta na cidade so por alguns dias. Pois ajudar a perpetuar esses clichês tao idiotas. Talvez você nao saiba mas se você perguntar para um francês onde encontrar brasileiras/os, varios vao rir e te dizer "no Bois de Boulogne", pois é onde encontra-se varios travestis. Eu luto contra esse tipo de clichê com relaçao a nos brasileiros mas também, luto contra o clichê com relaçao aos franceses. Temos que ter cuidado ao escrever um texto principalmente em um jornal pois nossa opiniao pode ajudar mas também atrapalhar.

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