Isso pode ser a salvação de uma pauta como pode ser o atraso de um deadline, que não tem permissão para decolar no jornalismo, que, de atraso, só aceita delay de correspondente internacional. Sei de chefe de redação que, coberto de razão, manda falar que não está quando assessor de imprensa xis ou ípsilon liga.
Mas também, né?! Tem assessor de imprensa que ainda telefona às 9 horas em produção de rádio com o programa no ar, às 11h43 em redação de telejornal que começa ao meio dia, às 18h07 para sugerir pauta do dia seguinte para impresso...
Há assessor de imprensa que acha que redação é a casa da mãe (Joana), que pode chegar a qualquer hora e ir todos os dias, nem que seja para tomar café. Neste caso, recomendo Cravo e Canela, Coreto, Empório Piquiras ou Fran’s. Segue a dança.
Goiás é um estado com excelentes profissionais de todos os setores, inclusive de comunicação. Na mesma proporção, há os nem tanto. Assessoria de imprensa não deve ser área de atuação de quem não deu certo em redação ou de quem se ilude acreditando em salários maiores. Tem a ver, como tudo na comunicação, com vocação, gostar e saber fazer. Feeling apenas não basta. Existe também neste segmento do jornalismo procedimento, rito, técnica, profissionalismo.
Assessoria de imprensa não é depósito de quem não gosta ou foi dispensado de redação. Até mesmo porque, para conseguir emplacar a sua pauta, você terá de ter domínio de todas as linguagens do jornalismo: site, redes sociais, revista, impresso, tevê, rádio, pombo correio, etc. Além de release, eventualmente fará matérias para todos estes veículos, que podem, no mínimo, ser produtos internos de comunicação.
Simpatia é um quesito indispensável ao assessor de imprensa, que não pode brigar com a esposa, perder o pai nem ter crise de labirintite. Até pode, mas nada deve interferir no seu humor e disposição em atender um produtor ou um repórter que lhe demande alguma informação, mesmo que eventualmente seja algo que constranja seu assessorado.
Veja bem, eu escrevi indispensável. Somente. Simpatia não deve, em nenhuma hipótese, superar o profissionalismo nem ser usada como fator de sedução. Não é chamando o produtor de querido que você vai conseguir emplacar a sua pauta, que só será feita se provar o interesse da sugestão conforme o perfil da publicação. Por isso, de certa forma, assessor de imprensa influencia influenciador.
Assessor de imprensa tem de ser, antes de tudo, assessor de si mesmo. Dia desses travei embate com a ex-deputada estadual Betinha Tejota sobre questão semelhante. Disse a ela que tem todo o direito do mundo a ter ressaca, mas o (e)leitor, seguidor dela nas redes sociais, não precisa saber disso. O cuidado que se aplica à imagem do assessorado tem de ser o mesmo a zelar pela maior marca que um assessor pode assessorar: seu nome, em muitos casos, único patrimônio do jornalista.
Relação profissional não é favor. Alô, redação, isso vale para produtores, editores e repórteres também. Não precisa hostilizar o assessor de imprensa para pautar a sugestão dele. Isso é bullying. Pressbullying, para ser mais exato ao criar um neologismo científico que melhor caracterize a relação travada por alguns entre os dois lados do balcão. Ou do telefone. Ou do e-mail.
Assessor de imprensa que pede forcinha, além de me constranger, perde meu respeito. Caro colega, prove por a mais bê que a sua pauta é viável e interessante. Se simpaticamente conseguir argumentar bem em defesa destes dois itens e contar com um pingo de sorte em outros fatores menores, a manchete pode ser sua. Hello, chics da assessoria de imprensa goiana, aprendi com Cristina Mattos, leia-se Comunicação Interativa, a melhor professora da área que eu poderia ter, que quem dá forcinha é chapa, aquele profissional contratado para carregar e descarregar caminhão.
João Camargo Neto é jornalista (@joaocamargoneto)