Seria o título deste texto um atentado à língua portuguesa? Ou o autor se atentou tanto às questões econômicas e abdicou do cuidado à língua? Podem espernear, mas o título tem que ser confuso mesmo, porque, de fato, 2014 será um ano muito confuso, isso é, se ele acontecer – é verdade: O Ano de 2014 não irá acontecer! Não se trata de uma profecia de fim de mundo para 2013, mas as chances de você terminar 2013 e se deparar com 2015 são muito grandes.
O calendário de 2014 apresenta algumas peculiaridades de dar inveja em muitos calendários, acho que por isso o calendário Maia morreu de raiva em 2012. Então vamos lá: No Brasil, é muito comum o ano começar apenas depois do carnaval, o que é uma grande verdade: o brasileiro gasta demais no fim de ano e leva alguns meses para sair do vermelho, ou simplesmente se acostuma com um extrato rubro-negro na conta bancária. O detalhe é que, neste ano novo, o carnaval será em março. Resumo da ópera: O primeiro trimestre não vai existir.
Chegado o carnaval, teremos o lançamento de grandes hits carnavalescos que serão imortalizados nas vozes de grandes cantores, como todo ano ocorre. Duvido que você consiga se lembrar dos sucessos inesquecíveis do ano passado.
Findado o furor carnavalesco, teremos o segundo maior espetáculo da Terra (esqueci de falar que o carnaval ocupa o #1 do rankig desde a inauguração da Sapucaí), a Copa do Mundo, já em junho. Meninas, esqueçam o dia dos namorados – em 12 de junho a pátria vai entrar de chuteiras em campo, jantar romântico só em 2015.
Acabada a Copa do Mundo, o brasileiro irá acordar em uma eleição Presidencial. Na verdade vamos eleger 1 Presidente, 1 vice-presidente, 27 Governadores, 81 Senadores, 513 Deputados Federais e um Maracanã cheio de Deputados Estaduais. Ufa! Quando descobrirmos quem serão os preferidos das urnas, sinto muito, o ano de 2014 já terá acabado.
Mas, afinal, o que fica de previsão para 2014? Depois desta lista interminável de eventos fica fácil dizer: Teremos muito, mas muito gasto público. Seja para fazer a Copa acontecer, visto que muitas obras ainda não estão prontas, seja no gasto de campanha que os aspirantes a gestores públicos vão gastar a rodo.
E sobre os gastos de campanha, sempre me perguntei uma única coisa dentro deste tema sobre a estratégia dos candidatos querem ganhar nossa confiança: se iremos depositar neles a responsabilidade de administrar os recursos públicos, que são nossos, como alguém que gasta tanto na campanha pode ter credibilidade de que não o fará com o tesouro público?
Infelizmente, quem ganhar as eleições terá que saber economizar muito, pois as contas deste ano de 2014 serão tão grandes quanto a velocidade deste ano que não irá acontecer.
Desejo um Feliz Ano Novo aos leitores de A Redação, e agradeço o tempo que cada um gastou este ano lendo meus artigos, que são tão bem acolhidos neste jornal.
*Adriano Paranaiba é economista e professor de economia do IFG.