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Alvaro Vianna

O Brasil já tentou ser um país sério

| 20.03.14 - 10:32
 
São Paulo - Houve uma época da nossa história recente em que este país tentou ser sério. Segundo alguns, talvez a maioria dos formadores de opinião, foi uma época negra, de censura, de autoridade, de ausência de liberdades individuais, de violência policial.
 
Eu vivi essa época como criança, como adolescente e como adulto jovem. 
 
Havia censura? Havia, mas mesmo assim Geraldo Vandré pode cantar "Pra não dizer que não falei das Flores" no III Festival Internacional da Canção em 1968. Sua música, que se tornou o hino daquela inocente geração de jovens rebeldes ficou em segundo lugar. O primeiro lugar ficou com a melosa "Sabiá" de Chico Buarque e Tom Jobim que tomaram a maior vaia pública das suas carreiras ao entrarem no palco para cantar a música vitoriosa.

A censura funcionou com atraso, na decisão, e depois também: a música de Vandré ficou proibida durante anos e ele teve que se exilar no Chile. Mas quem teve a sorte de comprar o compacto simples antes da proibição, como eu, pode ouvir o hino em casa durante anos a fio e se emocionar a cada escuta.  
 
Havia autoridade? Havia, e muita. Como deve haver.
 
Havia ausência de liberdades individuais? Havia sim, embora eu nunca tenha deixado de ser livre, nem meu pai, nem minha mãe, nem aqueles que trabalhavam e ganhavam o seu sustento honestamente.      

Havia, sim,  ausência de liberdades individuais para manifestações, queimas de ônibus, greves abusivas, invasões de propriedades alheias, quebradeiras do patrimônio público e privado, movimentos de sem teto, sem terra, sem bolsa, sem vergonha, reivindicações de afrodescendentes, índios, quilombolas e demais origens que se auto proclamam e agem como se inferiores de fato fossem.           
 
Havia violência policial? Opa, se havia, e como havia! Contra terroristas, assaltantes de bancos, assassinos, traficantes, estupradores, vândalos, ladrões comuns, estelionatários, políticos corruptos e vagabundos em geral.
 
Felizmente para o país das maravilhas, essa fase passou. Com a abertura, com a decantada democracia, com a constituição cidadã, com a proliferação de partidos, sindicatos, ongs, representantes de direitos humanos, igrejas pseudo-religiosas, a vocação verde-amarela voltou com tudo. E salve-se quem puder.

Comentários

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  • 08.04.2014 09:27 Rogério Martins

    Você foi feliz porque não foi preso injustamente saindo da escola e ter sofrido tortura para "entregar seus companheiros comunistas". Detalhe, aconteceu com meu tio, uma pessoa que sempre viveu na roça e quando teve a chance, foi a cidade grande para estudar. Só foi liberado devido a interferência de um delegado amigo da família.

  • 21.03.2014 16:50 Marco Antonio Chuahy

    Sérgio Paiva, acho que nenhum de nós deve achar que democracia é anarquia. Autoridade começa na casa de cada um. Fomos ensinados a respeitar limites e aqueles a quem isso foi negado são párias, vândalos, anarquistas ou mesmo ativistas por método braille. Simplesmente vão no embalo das opiniões do grupo a que pertencem sem refletir, porque nunca pensaram nem para conhecer a história da humanidade.

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