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Rita de Cássia Ramos

Educação x Violência

Professores desmotivados | 20.03.14 - 19:42
Goiânia - As situações que estamos vivenciando como aumento da violência e corrupções podem ser exemplificadas com uma fórmula matemática: (-) Educação = (+) Violência; simples assim.Temos muitas vezes a ilusão de que são situações desconexas umas das outras, mas, não são. Professores estão em greve por salários mais digno, por melhores condições de trabalho e valorização em todo Brasil. Enquanto isto salários de jogadores de futebol batem recordes e estádios são construídos por R$16.000,00 cada assento!

Professores desmotivados e adoecidos com a falta de reconhecimento, autonomia e presos a uma “grade curricular” que não atende as reais necessidades dos envolvidos. O nome “grade” é bem apropriado, pois aprisiona e imobiliza mais que ajuda e direciona. A realidade para professores de algumas instituições particulares é bem pior, onde é a oferta e a procura de mercado que regulamenta os salários e isto faz com que os rendimentos fiquem abaixo dos rendimentos pagos pelo governo e o stress de não ter garantias que no próximo semestre estará trabalhando é grande.

O crescimento de instituições Escola-Empresa onde priorizam apenas o lucro e nem um pouco o ensino de qualidade; o ensino passa a ser uma mera mercadoria (Não que eu seja contra e condene o lucro das instituições de ensino, é claro que é merecido e necessário, mas, nestas condições, como por exemplo, dar aulas para classe com 100 alunos, com 80 alunos, salas com 60 alunos e receber o mesmo valor é imoral, improdutivo e injusto). Escola-Empresa onde o aluno/ cliente é incentivado a tratar o professor com desvalia (reflexo da liderança em crise!) e comportarem como se os professores fossem apenas um servidor deles, pois “eles estão pagando”.

Hoje o aumento da violência e da corrupção é assustador! Vários políticos na ânsia demonstrarem poder fazem discursos onde somente eles é que têm as melhores soluções para os problemas.A cultura do medo é a$$ustadoramente lucrativa! Estudos sérios comprovam que quanto mais amedrontadas mais as pessoas consomem. Outra regra matemática: + medo = + consumo.

Esta cultura gera votos, pois os candidatos que fizerem o melhor marketing, - convenhamos nunca na história deste país vimos tanta eficiência e eficácia em manipulações - e convencerem que têm as soluções para os problemas (a grande maioria criados por eles mesmos) ganham as eleições.

Fico me perguntando: como esta o inconsciente coletivo /social do Brasileiro com esta prática assistida por nós diariamente de que os fins justificam os meios, que o roubo, a falsidade, a hipocrisia, ladroagem, a enganação, a mentira, o engodo, a falta de hombridade são normas que até o STJ aprova e atestam? Que mensagem é decodificada e paira em nosso inconsciente coletivo com estes exemplos?

Lembrei-me de uma frase celebre de Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto.”

Outra frase dele que é adequada ao contexto: “O governo da demagogia não passa disso: o governo do medo.” Rui Barbosa. Será que não está claro o caminho a ser trilhado? Será mesmo que as autoridades e nós brasileiros não sabemos mais o que fazer pra diminuir a violência e a corrupção? Construir mais presídios, diminuir a maioridade penal/criminal e a repressão com mais violência são soluções plausíveis?

Um país que não investe em Educação não pode desenvolver e crescer. TODOS nós sabemos disto e mesmo assim ficamos como que adormecidos em berços esplêndidos  esperando o Salvador da pátria amada. Ele não virá; sinto dizer aos mais esperançosos. Este perfil de “líder salvador” não adequa mais aos nossos reais anseios. Queremos participar e sentirmos incluídos ao contexto.

A solução (resolução) = Educação inclusiva + Cooperação. O processo educacional é a ferramenta básica, prioritária, indispensável, essencial, fundamental para conseguirmos sair deste paradigma da exclusão e competição para irmos para a inclusão e cooperação; consequentemente diminuir a violência. Somos redes de conexões-relações-interações.

Experimentamos no nosso dia-a-dia exemplos simples destas conexões: se jogamos lixo em lugar inapropriado e este entope um bueiro quando chove a rua fica alagada; se não limpo o quintal dos focos criatórios do mosquito da dengue toda a cidade sofre as consequências por mais que a prefeitura passe o “carro da fumaça” e os agentes comunitários.

O Estado não é capaz de solucionar sozinho estes problemas; isto é nítido. Mas, os políticos não querem perder o posto de indispensável Salvador/solucionador de problemas. Compartilhar poderes nunca; pensam eles.

As mudanças são significativas e visíveis quanto ao perfil de liderança que almejamos. Não queremos mais alguém que nos fale o que deve ser feito e nos conduza numa relação infantilizada, perniciosa e dependente. “Ôô vida de gado povo marcado ê povo feliz.” Queremos sentir incluídos, valorizados, respeitados nas nossas particularidades e singularidades e sermos parte/ elo da teia social.

Sabendo que o excluído sempre cobra o seu lugar de direito. Quanto mais excluímos os outros, a nós mesmos, os diferentes, mais estes ficam presentes em nosso destino. Não solucionaremos os problemas da violência nos trancando em condomínios fechados, em carros blindados, impedindo de relacionarmos, vendo o “outro” como uma constante ameaça.

Isto não resolve ao contrário só aumentam nossos problemas e medos.“O que nego em mim encontro como destino.” C.G.Jung.O processo educacional e a mudança de paradigmas que necessitamos com urgência, exige tempo, coragem, determinação, perseverança, é um trabalho às vezes difícil e penoso, mas, com certeza mais leve e gratificante do que a cultura do medo e violência que estamos experimentando. Com investimentos maciços em Educação e inclusão de todos na busca por soluções é possível mudar o curso desta estória.

*Rita de Cássia Ramos Carneiro é psicóloga e professora.

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