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Shouzo Abe

Serial Killer de Goiânia: um novo tipo de assassino em série?

| 29.10.14 - 20:18
 
Goiânia - A avaliação psicológica é um instrumento científico utilizado para obter informações do mundo interno e subjetivo da pessoa que será submetida ao procedimento. Atualmente, estamos com o caso do suposto serial killer Thiago Gomes da Rocha, que inicialmente confessou 39 assassinatos. De antemão, é necessário destacar que qualquer diagnóstico realizado sem uma avaliação profissional dessa pessoa torna-se mera especulação. Pode-se, no máximo, supor alguns de seus comportamentos neste momento e é isso que me proponho a fazer nas próximas linhas.
 
Ressalto que estamos diante de uma situação onde o que será avaliado é a subjetividade e as possíveis patologias existentes no indivíduo, ou seja, não existe uma avaliação idêntica a outra. Cada ser humano é único com sua história, seu contexto, suas experiências positivas/negativas e suas motivações pessoais para se comportar.

Quando se trata do transtorno de personalidade antissocial, psicopatia ou sociopatia - que apesar de nomes diferentes trata-se do mesmo transtorno – deve-se ter um maior cuidado e uma intensa atenção nesse processo, pois se trata de uma pessoa intensamente sedutora, egocêntrica, com vaidade além do comum, que não cria vínculos emocionais/afetivos com o outro, não mede esforços e nem apresenta pudor algum para chegar onde deseja.
 
Se forem reais todas as confissões de Thiago Gomes, situação esta que ainda está em período de investigação, temos então um desafio para ciência e estudiosos da área criminal, pois até então temos relatos, estudos e pesquisas que traçam o perfil de um assassino em série que não se encaixa perfeitamente na forma de agir de Thiago, o que não elimina a possibilidade do mesmo ter um transtorno de personalidade antissocial. O que estou dizendo é que possivelmente estamos diante de um novo estilo de assassino em série que em nossos estudos ainda não se tem relatos.
 
É muito possível que o assassino em série seja um psicopata, mas nem todo psicopata será ou é um assassino em série. De qualquer forma, conseguir uma boa análise e avaliação de uma pessoa com esta natureza requer muito estudo, experiência, equilíbrio emocional, domínio das técnicas de avaliação psicológicas, conhecimentos de leis/resoluções, entre outros quesitos.
 
É certo que no momento do procedimento, ele vá seduzir, tentar dizer o que o avaliador quer ouvir, burlar os testes a seu favor etc., o que necessariamente não quer dizer que ele vá mentir, pois ser considerado temido, causar mal-estar e ser negativamente admirado pode ser um de seus objetivos. Há teóricos que afirmam que o psicopata um dia deseja ser pego e assumir seus crimes - pois neste momento usará todos seus atos criminosos como uma escada para se autopromover -, que existe nele o desejo de ser eternizado por seus atos.
 
O fato é que estamos diante de um caso inédito para os estudiosos da área, para a polícia e também para a sociedade. E creio eu que se de fato Thiago for quem ele diz ser, estamos frente a um primeiro caso e provavelmente virão outros. Nossa sociedade tem passado por vários tipos de mudança em todos os âmbitos e a esfera criminal e de criminosos não ficaria isenta dessa transformação ou, quem sabe, até "mutação".
 
Precisamos de profissionais capacitados, estudiosos, competentes para saber lidar com esses novos personagens que estão surgindo em nossa sociedade. Digo isso não só no contexto criminal, pois em nossas clínicas psicológicas estamos lidando com crianças em depressão, adolescentes e crianças que tentaram suicídio, com patologias relacionadas à sexualidade do ser humano, com um caminho ao individualismo nunca visto na história da cultura brasileira, entre várias outras inéditas situações que até poucos anos não havia surgido em nosso meio.
 
*Shouzo Abe é psicólogo, perito criminal e clínico, professor do curso de Avaliação Psicológica do IPOG.
 

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