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Hanna Mtanios

O Líbano, Beirute e os refugiados...

| 28.07.15 - 15:26
Goiânia - Beirute é conhecida como petit Paris, a cidade dos romanos e bizantinos, a cidade das Cruzadas, do Império Otomano, enfim, dos heróis fenícios. Nos referimos à cidade que saiu extremamente ferida na guerra de 2006, mas que se reconstruiu com a garra de sua gente, qual fênix saindo das cinzas da violência absurda, para alçar seu voo majestoso e cosmopolita, estrela de luz no concerto das nações.
 
A história da fênix, por sinal, é uma alegoria com forte significado para os libaneses. Conta a lenda que a ave mitológica, símbolo da imortalidade, voava da Índia até o Líbano a cada período de cem anos para renascer. Ali, ela se queimava em âmbar e incenso. Essa combinação, mais o clima propício, essenciais para sua metamorfose, a fênix só encontrava em terra libanesa. Três dias depois, renascida, voltava à sua terra natal.
 
Essa simbologia continua dizendo muito para o povo libanês, porque, graças à garra e à determinação com que foi talhado, é ele quem faz o país ressurgir de suas próprias cinzas a cada investida. Mesmo vivendo atualmente momentos turbulentos e muito difíceis nos últimos tempos, a felicidade teima em resistir no Líbano e em nossa querida Beirute.
 
É uma cidade fantástica inserida em um país grandioso, um local onde jorrava água de centenas de fontes naturais, em uma área rodeada por desertos. Devido a essa abundância, um verdadeiro oásis, a localidade foi chamada pelos fenícios de “Beroth” ou “Béryte”, que quer dizer “cidade das fontes”. Foi assim que os fenícios a viram e se apaixonaram por ela.
 
Ambos – Líbano e Beirute – se superam e se reconstroem a cada dia, respeitando culturas e religiões, vivendo os ensinamentos de Deus enquanto cristãos maronitas, ortodoxos, islâmicos, drusos e mais dezoito religiões, formando uma pedra bela e forte, como a de mosaico, conforme diz o professor Mansour Clalita.
 
Neste contexto, lembro que a paquistanesa Malala Yousafzai, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, comemorou sua maioridade, neste mês no Líbano, em festividade junto com meninas refugiadas da Síria. Ela definiu como uma honra a oportunidade de comemorar seus 18 anos com as valentes e inspiradoras meninas sírias no Líbano. Malala definiu a crise dos refugiados na região como a mais grave do mundo em décadas. “É uma tragédia que parte meu coração”, disse. Foi nessa terra maravilhosa e
cheia de solidariedade que essas garotas refugiadas encontraram o abrigo de que tanto precisam.
 
Assim é Beirute, sofrida, atacada, linda e acolhedora.
 
A situação dos refugiados sírios, no entanto, exige esforços conjuntos. Três anos depois de a guerra síria ter começado, o Líbano se transformou no país com a maior concentração per capita de pessoas refugiadas no mundo. A Agência de Refugiados das Nações Unidas (UNCHR) alerta que o país não pode suportar essa carga sozinho. O alto comissário da UNCHR, Antonio Guterres, pondera que o povo libanês demonstrou uma generosidade admirável e que a hora é de receber apoios.
 
Com toda essa história de fibra, valentia e força, sabemos o que podemos esperar.
 
* Hanna Mtanios é advogado, militante das áreas de Direito Empresarial e de Falência e Recuperação Judicial.

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