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Ledismar José da Silva

Bomba de morfina para dores intratáveis

30% da população global têm dores crônicas | 28.09.15 - 15:08

Goiânia - A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que em média 30% da população global têm dores crônicas. No país, isso equivale a 60 milhões de brasileiros. Cerca de 50% dos vitimados pelo problema apresentam algum comprometimento da rotina, como afastamento e incapacidade para o trabalho ou mesmo para as tarefas mais simples, estima a SBED (Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor).
 
A perspectiva sombria é que, em alguns casos, isso se torna permanente. Com o prolongamento do estímulo doloroso, surgem efeitos como alterações no humor, no apetite e no sono e queda do sistema imunológico, levando ao desgaste físico e psicológico com resultados potencialmente devastadores, como aposentadorias precoces e depressão grave.
 
Naqueles pacientes que não alcançam o controle adequado de suador, seja de origem oncológica ou não, através de medicamentos orais, cirurgias, fisioterapia, hidroterapia, acupuntura, bloqueios analgésicos, entre outros, existe a possibilidade de implante de bomba para infusão de morfina intratecal para o controle efetivo da dor. Outro fator indicativo para uso da bomba seria a intolerância ao uso dos medicamentos devido aos efeitos colaterais dos mesmos.
 
O sistema de bomba de infusão intratecal de morfina consiste num cateter implantado na região da coluna, que libera quantidades muito pequenas de morfina junto ao líquido que envolve a medula espinhal. Este cateter é conectado a um reservatório que fica implantado na região abdominal embaixo da pele. 
 
Periodicamente, o reservatório é reabastecido através de uma pequena punção do mesmo. O tempo para reabastecimento depende da quantidade de morfina necessária para o paciente, sendo realizado, em média, a cada dois a seis meses.
 
O benefício é que o medicamento atua diretamente ao redor da medula em regiões responsáveis pela dor, tornando este método potente. É necessária concentração 200 vezes menor para se ter um resultado álgico melhor, reduzindo de forma substancial os efeitos colaterais das medicações aplicadas por via oral.
 
Várias doenças podem cursar com dor intensa, que necessite de tratamento com morfina intratecal. Entre elas, podemos citar: doenças da coluna, lesões crônicas de articulações, nervos e músculos, pacientes com tumores benignos ou malignos, pacientes que não tenham apresentado melhora com implante de um neuroestimulador medular, entre outras. Os candidatos a um implante de bomba de infusão intratecal de morfina devem realizar um teste antes do procedimento e não possuir doença psiquiátrica grave.




*Ledismar José da Silva
é neurocirurgião e professor da PUC-GO
 

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