Certamente você já deve ter ouvido falar sobre a teoria da modernidade líquida!
Caso não, dou-lhe aqui uma pequena pincelada: A modernidade líquida (época em que SOBREvivemos) é o conjunto de relações e de instituições que se impõem e que dão base a esse atual momento de fluidez, de volatilidade e insegurança! Essa época foi percebida e teorizada pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman (um dos intelectuais vivos mais importantes da atualidade).
Para Bauman, todas as relações são líquidas: amor, trabalho, medo, consumo e arte. Tudo! Não temos quaisquer certezas. A lógica das referências éticas e a de comportamentos moralmente socializadores não existe mais.
Tudo passou a ser possível: não há qualquer limite para qualquer coisa! O ser humano - antes sólido - liquefez-se!
Pois é! O problema é que essa história de liquidez dos antigos e sólidos valores de civilidade (aqueles que – segundo Hobbes – mantêm a coesão social e que, portanto, fazem com que nós não nos matemos) foram pulverizados: liquefeitos!
É isso aí: a liquidez hoje é líquida mesmo! Literalmente! E ela vem em forma de cuspe!
A coisa agora funciona assim: se você falar algo que eu não goste, prepare a sua cara, porque o cuspe virá aí (isso quando não vem um rude guspe).
Ora! Segundo o grande José Luiz Fiorin, linguista brasileiro de nomeada, a vida em sociedade trouxe para os seres humanos um aprendizado extremamente importante: não se poderiam resolver todas as questões pela força: era preciso agora usar a palavra para convencer!
É! Mas o pior é que - no mundo emporcalhado de alguns Josés e de alguns Jeans – a palavra e a força são coisa do passado. A moda agora é uma cusparada!
Então, vai meu sólido e higiênico recado a eles: #EsseCuspeNaoEhMEU
*Carlos André Pereira Nunes é professor de Língua Portuguesa e jurista