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Jéssica Fernandes

Iguais no fim

Questionamentos sobre a morte | 22.02.12 - 21:36
Após ter vivido perdas de entes e amigos super queridos, as pessoas se sentem um pouco mais confortáveis para falar sobre um assunto que assombra e preocupa algumas outras pessoas, mas todos nós vamos passar por isso. A morte. Ela chegará para todos nós. Infelizmente. Ou não?

Na minha, ainda, pouca existência – tenho apenas 22 anos – já perdi pessoas que amava muito: primo, tia, bisavó, avó, amigo, avô... nem preciso ficar enumerando, pois cada um me marcou em diferentes épocas da minha vida e teve o seu significado e seu pesar. O mais dolorido e mais difícil é aquela perda em que você tem a ciência de que não fez tudo que pode, não foi visitar com frequência ou que estava longe demais. Aconteceu isso comigo e deve ter acontecido isso com você também, caro leitor.

Claro, eu por exemplo, não gosto de ver a pessoa sofrer ali numa cama de hospital e não poder curá-la por que, afinal, sou uma jornalista e minha formação não me possibilita. Mas o que queremos quando visitamos alguém, principalmente aquele alguém que a gente ama tanto, é curá-lo e que ele vá embora dali como se aquilo, que tivesse por mais grave, fosse apenas um resfriado ou uma virose.

Somos humanos, mas queremos que todos que amamos fossem imortais e que não sofressem. Tudo na mais perfeita harmonia, felizes, cantarolantes, unidos. Todo ano queremos as mesmas pessoas para a Ceia de Natal, para a Páscoa, e outras datas comemorativas. Meu avô faleceu em dezembro de 2011 e um dia minha irmã postou no facebook uma foto dele no Natal de 2010 com a seguinte legenda: “Quem diria que o natal de 2010 seria o último do vô Nico!? Recordar é viver!”  Agora faço a pergunta: E se soubéssemos que seria o último?

A morte muita vezes é encarada como algo estarrecedor, uma ruptura, um castigo. Pode ser que seja, talvez não. Talvez possa ser uma alternativa, uma forma de nascer de novo para algo que vai além do que compreendemos. Vamos entender o que é realmente a morte quando sentirmos que estamos perto dela. Ás vezes não.  Ás vezes é necessário parar de lutar, às vezes é necessário parar de querer ir contra as regras, de achar que sabe tudo, de querer ser Deus.

Aqui, neste artigo, deixo uma frase do meu avô Nico que partiu há 53 dias. Eu não escutei pela boca dele, mas sim da minha prima que, na época, estava velando o outro avô: “Temos que fazer as coisas quando estamos vivos porque depois que morre não adianta”.  Ao mesmo tempo que duras, palavras verdadeiras.

Jéssica Fernandes é estudante de jornalismo

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