Goiânia - Renderam polêmica as orientações que a Fifa deu para turistas em sua revista publicada na internet. A motivação do burburinho é que eu não entendi. No texto que a entidade máxima do futebol mundial publicou não tem nada que nós realmente não somos. Podem até alegar alguma exploração sexista do País, essa crítica até seria cabível, mas não dá para dizer que eles mentiram ou pegaram pesado com o Brasil nas recomendações.
Precisamos ter foco para fazer a crítica que é tão necessária nessa Copa do Mundo. Devemos descer a porrada na Fifa por vários motivos, mas escolher as razões erradas somente colocarão em descrédito as críticas que são mais que pertinentes de existir.
É mais que justo reclamar da falta de transparência na entidade, dos pedidos descabidos e que serão pagos com dinheiro público, da megalomania custeada com nossos impostos, do desrespeito às nossas leis para a realização do evento, dentre vários outros pontos. É um equivoco ficar incomodado com algo tão menor e pequeno como essa cartilha que explicita alguns de nossos maus hábitos.
Cá entre nos: não é nenhum absurdo dizer que pontualidade não é nosso forte. Muito menos que quando dizemos ˜ligo para você mais tarde" quer dizer que existe a chance de não ligarmos nunca mais. Eles só explicitaram, em alguns pontos de maneira até cômica e caricata como no caso de nossa relação com a Argentina, um perfil de comportamento que nos é usual.
A real é que eles pegaram até leve. Acho que nós não ficaremos com uma boa imagem perante o mundo após a Copa do Mundo. Os protestos que devem ganhar as ruas durante o torneio exterminarão o mito que nos envolve de povo pacífico. A ganância e vontade de ganhar dinheiro de gringo trouxa colocará no saco nossa imagem de povo receptivo. A criminalidade galopante assustando os turistas que vêm para os jogos enterrará nossa fama de povo festeiro.
A vergonha que acredito que passaremos na Copa do Mundo pode ser a chance de refundar o Brasil. Precisamos avançar muito em educação, civilidade, cordialidade, bons modos e respeito. Talvez sermos humilhados para o restante do mundo pelos nossos péssimos costumes seja o que falta para colocarmos a mão na consciência e mudarmos nossos hábitos.