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Sobre o Colunista
Rodrigo Hirose
Jornalista com especialização em Comunicação e Multimídia / rodrigohirose@gmail.com
O homem sempre será o lobo de si mesmo | 06.05.14 - 13:53
No livro “Como vejo o mundo”, o físico Albert Einstein relata, num tom de lamento, como alertou Franklin Delano Roosevel, então presidente dos EUA, sobre o domínio que a Alemanha de Hitler detinha da técnica que poderia levar à criação de uma arma de destruição em massa jamais vista. Corria o ano de 1939 e o nazismo já havia demonstrado suas garras afiadas. A reação dos EUA foi o projeto Manhattan, que culminou, seis anos mais tarde, com a destruição atômica de Hiroshima e Nagasaki.
O exemplo é o mais célebre e talvez insuperável de como o ser humano costuma ser eficiente em transformar a tecnologia, que poderia trazer benefícios, em instrumento que só comprova a tese de que o homem sempre será o lobo de si mesmo.
Nesse contexto, as redes (ou mídias) sociais são apenas mais uma ferramenta para essa antropofagia da qual não conseguimos escapar. A mesma capacidade de mobilização para a sociabilidade, fraternidade, colaboração que elas têm existe para a outra face da moeda: a que potencializa as tendências nefastas dos seres humanos.
Essa é uma observação recorrente nesta coluna e vem de novo à tona com o caso da mulher vítima de linchamento no Guarujá. Tudo começou, como já se sabe, com boatos divulgados nas redes sociais de que ela seria uma sequestradora de crianças para rituais de magia negra.
O linchamento físico e moral não nasceu com as mídias sociais. Basta lembrar que, coincidentemente, há poucos dias morreu o dono da Escola Base, um homem que teve a vida destruída após ser exposto na mídia tradicional (em uma época que nem havia internet) como suposto abusador de crianças na instituição da qual era proprietário.
Contudo, a execração pública ganhou sua bomba atômica com o advento do Orkut, Facebook, Twitter e demais plataformas. A necessidade da instantaneidade muitas vezes faz os usuários compartilharem conteúdo sem nenhuma reflexão. As centrais de boataria política, por exemplo, sabem muito bem se utilizar dessa característica. Cria-se uma ficção ou distorce-se uma informação verdadeira e espera-se o estrago. É uma tática suja, mas eficiente.
Agora, chegamos a outro patamar. Agora temos um linchamento não metafórico. Uma morte para contabilizar. Um troféu para nossa tendência de sujar com sangue o que poderia ser um instrumento de conhecimento, de inteligência, de paz... De humanismo.