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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Alarde: uma banda que você precisa ouvir

Segundo disco dos caras será lançado hoje | 09.05.14 - 17:14

Recebo um monte de novas bandas para ouvir toda semana. A maioria é de embrulhar o estômago. Seja por ainda ser primário e precisar de estrada para ganhar corpo, seja por conta das referências mais que óbvias, seja pela elementar falta de talento para o que se propõe. Mas vez por outra aparece uma pérola. O Alarde é uma das mais brilhantes que apareceram nas minhas mãos nos últimos tempos.

Os caras lançarão seu segundo disco, Abismo ao Redor, hoje, às 20 horas, no Hotel Cambridge, que fica no Centro de São Paulo. Para quem nos lê da terra da garoa, uma excelente pedida para a noite desta sexta (9/5). Para quem não está na capital da grana do Brasil, deixo a dica para que entre no site dos caras que ali é possível ouvir sete das 13 faixas no novo trabalho.

Conheci o Alarde em 2010, quando eles vieram se apresentar no Grito Rock Goiânia durante o carnaval. Estavam divulgando o primeiro álbum da carreira chamado Oitoitenta. No show, achei fantástico. A primeira impressão foi de uma banda de rock fortemente influenciada pelo grunge mas que abriu os horizontes para outras praias. Percebi referências de noise, rock brasileiro oitentista, vanguarda paulistana e passagens com climas jazzísticos. Ao final da apresentação, ganhei o disco e melhorei minha análise.

O disco soa como um encontro entre Patife Band, Nirvana e Alice in Chains com o Lobão no vocal. As letras são um show à parte. Angustiadas, enclausurantes, atormentadas, claustrofóbicas. É som para gente que não consegue ser alegre o tempo inteiro. Para gente que deu uma volta pelo lado selvagem da vida. E gostou. E volta sempre. Gente com problema sério e que não tem interesse em se tratar. Gente como eu e você. Foi um dos discos que mais ouvi ao longo daquele ano (e que até hoje volto nele devido ao poder de canções como Vida Bandida, Amarelo Chá e Ritalina).

O álbum que será apresentado ao público hoje pela primeira vez mantém essa perspectiva acerca da vida. A novidade é a absorção de novas influências de música brasileira -  a música Espírito das Matas é o maior exemplo dessa nova referência do Alarde. E o que é mais legal: as influências absorvidas que não alteraram a identidade artística da banda. Pelo contrário, engrossaram o sedutor caldo sonoro do Alarde. 

A banda conseguiu consolidar uma nobre característica nesse segundo disco: no primeiro acorde já se percebe que é uma música do Alarde. Essa assinatura é uma virtude que poucas bandas conseguem ter e os caras estão nesse seleto rol.

Os versos de Abismo ao Redor permanecem reflexivos, de alguém que sabe que erra e continuará errando, pois os erros fazem parte de sua existência. E lutar contra isso é tão inútil quanto xingar o juiz da arquibancada do estádio. 

As músicas Faca, Eterno Aprendiz Errante e Gira Roleta são os melhores exemplos da estética construída pelo Alarde nesse novo trabalho - instrumental agressivo, letras de poética opressiva e nenhum interesse no lugar comum.

Se o Alarde pintar em Goiânia, faça um favor a você mesmo de não perder o show. Enquanto esse dia não chega, pode ir ouvindo os dois discos da banda que você só tem a ganhar.


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