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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Horrível sensação de perder tempo

Sentir minutos escorrerem pelos dedos angustia | 21.05.14 - 16:39


Goiânia - Aprendi uma coisa há tempos: o que me deixa agoniado, geralmente é entendido como frescura por outra pessoa. Um amigo odeia que eu estrale meus dedos ao seu lado. É claro que continuo fazendo. É claro que ele fica agoniado. E é claro que eu acho frescura. 

Quando eu ainda estava no Primeiro Grau (para mim, nunca vai virar Ensino Fundamental), outro amigo não suportava o barulho que eventualmente o atrito do giz com a lousa verde provocava. Ele ficava arrepiado de gastura, como nós goianos batizamos a reação. Para mim sempre foi a mais solene frescura.

O que me angustia de verdade, me deixa agoniado e me dá uma gastura sem tamanho é a sensação de perder tempo. Não suporto ter que esperar alguma coisa sem ter algo para fazer. Penso no quanto o mundo é grande, no tanto de livros em minha estante que ainda não li, na enormidade de filmes na minha lista que precisam ser assistidos, no tanto de séries que pessoas que confio garantem ser geniais e eu ali gastando meus minutos esperando médico me atender, já há duas horas naquela recepção repleta de gente doente e trocando microorganismos. 

Tenho a tática de sempre deixar um livro no carro. Sua função é estar do lado quando tenho que esperar algo e que não estava previsto. O problema é que minha memória é tão confiável quanto a defesa do Vila Nova e não é raro eu me esquecer da obra no banco de trás. Tanto é que o mesmo livro mora no meu carro há bons anos…

Também é de doer os testículos o tempo que gastamos para viajar de avião. E o que é pior: uma espera não contínua. Ela é picotada, desconfortável e irritante. Ou seja, só aumenta a angústia por estar perdendo tanto tempo. 

É tempo demais na fila gigantesca para despachar a mala, é tempo demais até encontrar um lugar para sentar nos superlotados aeroportos brasileiros, é tempo demais para passar pela revista, é tempo demais para embarcar no avião, é tempo demais esperando dentro da aeronave por conta de algum reajuste nos horários, é tempo demais esperando em aeroporto País afora para chegar ao local pretendido, é tempo demais esperando a porta abrir quando chegamos ao destino, é tempo demais esperando a mala aparecer na esteira, é tempo demais esperando o táxi para ir para o hotel. Ufa! 

Muitas vezes penso se ir o avião é realmente o jeito mais rápido de viajar. Para curtas distâncias, sou convicto que não. Voar para Brasília é horrível. Muito mais confortável é ir de carro em horário em que você não pegue o rush na chegada e saída do Distrito Federal.

Tem gente que não é assim. Eles encaram esses momentos em que você é obrigado a esperar com a paciência de um monge tibetano. Aproveitam para pensar, relaxar, meditar ou fazer sei lá o quê. Deve ter alguma resposta metafísica. Como eu não tenho muita fé em vida após essa e nem em outras chances de voltar a esse mundo, o melhor é aproveitar ao máximo essa estadia que agora estou tendo. Por isso cada minuto desperdiçado me é tão caro, tem o custo pessoal tão elevado.

Mas ainda sonho com o dia em que terei essa sapiência de entender que é impossível controlar o acaso e sempre vamos ter que acabar esperando mais do que havíamos planejado. Enquanto tal estado libertador não está o meu horizonte, vou aqui roendo as unhas de agonia por mais um atraso da reunião que me deixa mofando na sala de espera.


Comentários

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  • 21.05.2014 22:44 Rony pereira

    Querido Pablo, tb sou assim, acho que perdemos tempo demais principalmente no transito que está cada vez mais com grandes engarrafamentos. E o melhor remédio é o livro mesmo. Não há nada melhor que ficar na recepção de um consultório lendo um bom livro, melhor que ficar assistindo à programas chatos na tv. O tempo é algo preciso meu amigo e devido o aumento da demanda diária estamos perdendo-o. Não é o tempo que está passando rápido demais e sim a demanda que cresce e 1 dia está pouco. Tenha paciência para esperar. Se vc não tem pratique pois vamos precisar muito para suportar e entender essa vida louca. Abraços queridão.

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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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