Goiânia - A Espanha foi despachada de forma vexatória ainda na primeira fase da Copa do Mundo. A atual campeã do mundo sofreu sete gols em dois jogos. Marcou um. De pênalti. Que, segundo muitos, sequer existiu. Foi humilhada frente a Holanda. Perdeu para o Chile de forma inconteste. E joga com a Austrália somente para cumprir tabela, já que as duas seleções estão com as malas prontas para voltar para casa. Não tem jeito, Copa é um torneio cruel, onde um vacilo não é perdoado. Ok, no caso da Espanha foram dois.
E Copa do Mundo não é como carnaval, que ano que vem rola de novo. É só daqui quatro anos. Muitos de nós sequer sonhamos onde estaremos morando ou trabalhando em 2018. Imagine o jogador de futebol, que tem uma carreira que já é curta e de altíssimo risco, pois corre risco de lesão a todo momento. Contusões que podem tirar o cara para sempre de seu ofício. A vida é dura para todos. Mas ela é pior para com os esportistas profissionais.
Facilmente se cria uma geração que não tem memória de um título da seleção de seu país. Qualquer brasileiro com menos de 16 anos não se lembra da última vez que fomos campeões do mundo. Qualquer francês com menos de 20 anos sabe da proeza de 1998 somente por vídeos de Youtube. Qualquer argentino com menos de 30 anos conhece os êxitos de Maradona em 1986 apenas pelos livros. Qualquer inglês com menos de 50 anos nunca viu os criadores do futebol levantarem a taça.
Os profetas do apocalipse já decretam o fim do futebol espanhol. Acho precipitado. Disseram o mesmo do Brasil quando a seleção foi eliminada na primeira fase em 1966 com Eusébio de Portugal destruindo o escrete canarinho. Não preciso lhe dizer o que aconteceu em 1970 pois você sabe da história.
Mas é inegável que a Espanha deve passar por uma renovação nos quadros de sua equipe. Começar a pensar em jovens que possam substituir os ídolos responsáveis pela histórica conquista de 2010 é a tarefa dos responsáveis pelo futebol do país ibérico.
Talvez a solução seja um caminho intermediário, semelhante ao holandês. A equipe da linda camisa laranja (que ainda não foi usada nessa Copa) mesclou a experiência de três craques com o vigor da molecada. O resultado dos dois primeiros jogos mostra que, aparentemente, foi uma boa escolha.
Para a Espanha, só posso relembrar o histórico samba composto por Paulo Vanzolini em 1962: "Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima". Afinal, 2018 já é a pauta espanhola e, quem sabe, a Rússia possa ser palco do retorno do futebol encantado da Fúria.