(Imagem: cliquefacil.net)
Goiânia - Existem coisas que nós, como clientes, não aceitamos bem. Aquele vendedor desesperado para fechar o negócio, o que finge descaso e o que ameaça dizendo que é a última peça ou o último dia da promoção são exemplos disso.
Esses profissionais estão usando equivocadamente as estratégias que aprendem nos treinamentos e nos cursos que, cada vez mais, as empresas estão oferecendo para preparar melhor seus funcionários.
O comércio vive de comunicação e linguagem. Somos induzidos a comprar das maneiras mais inimagináveis. E tudo envolve criatividade e, é claro, muito dinheiro.
Somos induzidos ao consumo pela colocação dos itens nas prateleiras, pelas minigôndolas que nos atiçam na fila do caixa-rápido, pelas faixas, cartazes e promoções. É a língua do comércio.
Eu acredito que existam muitos bons vendedores, mas o talento não está apenas na estratégia. Dificilmente eu compraria algo que não quisesse por causa do discurso do vendedor. Mas o contrário é bem mais fácil de acontecer.
Quando não nos sentimos bem-tratados e à vontade, dificilmente teremos prazer em efetuar uma compra. E uma coisa desconfortável é o excesso de intimidade que muitos vendedores insistem em estabelecer. "Ai, amiga, essa blusa ficou fofa em você", "amor, do seu número só tem o vermelho" ou "tem sim, flor, qual tamanho?" são deixas maravilhosas para que um cliente abandone o produto e fuja para as montanhas.
Trabalho não é festa, cliente não é amigo. É preciso incluir nos cursos de qualificação de vendedores as formas de tratamento e a linguagem adequada para um bom atendimento. Não precisa adotar a formalidade irrestrita, mas a gentileza deve ser sempre respeitosa. Não adianta ensinar a vender, a persuadir, se não se ensina a tratar bem o cliente.
Temos incluído em cursos específicos para profissionais de vendas algumas regras de etiqueta, construção de imagem, linguagem e análise de perfis. E a maioria dos alunos admite utilizar vícios de linguagem e expressões e posturas inadequadas sem saber que estão cometendo erros.
Já fui atendida por vendedora que não desgrudava do celular, que comentava com a outra sobre a festa do dia anterior e uma inesquecível: perguntei se tinha um produto e ela nem se levantou do banquinho. Apontou o queixo e disse: "se tiver tá ali ó".
Claro que me despedi de todas educadamente, não comprei nada e ainda deixei meu cartão com o dono da loja.