Essa Copa do Mundo está acabando com minha produtividade. Em vez de dar conta do trabalho gigante que se avoluma no computador, fico assistindo qualquer jogo mequetrefe na televisão. E o pior é que tais embates não iriam me atrair se não fosse pela magia da Copa. Colômbia e Japão nunca estaria sintonizado em minha TV se não fosse o poder enebriante do campeonato.
E o problema não é só o tempo despendido com as partidas. Não posso deixar de ver os debates e mesas redondas noturnas que seguem os jogos. Assim como as análises publicadas em jornais, sites e blogs mundo afora. Por que não decretar férias coletivas mundiais durante a Copa do Mundo? Seria melhor para todos. Fica a dica para 2018.
Lamúrias de lado sobre minha falta de foco e displicência profissional, achei genial quando o programa Linha de Passe da ESPN Brasil abriu a edição de ontem com a clássica música Vampiro de Jorge Mautner. De toda a zoeira que vi após a mordida de Luis Suárez no zagueiro italiano Giorgio Chiellini, essa foi a melhor pelo requinte. Mas as da internet parodiando Silêncio dos Inocentes ou Walking Dead merecem destaque. São impagáveis.
É elementar que o atacante uruguaio deve ser punido com a suspensão de algumas partidas pelo ato violento. É a terceira vez que o cara morde um adversário dentro de campo. Na última vez, durante o Campeonato Inglês, foi punido com dez jogos de suspensão. Pela característica curta da Copa do Mundo, acho que duas partidas de gancho seria suficiente como pena. O que não pode acontecer é deixar passar batido. Acho que até agora Chiellini exibe um hematoma por conta da dentada de Suárez.
Não sei o que se passa na cabeça do camisa 9 da Celeste. Ele achou que a mordida passaria batida em um ambiente com trocentas câmeras dando close até no cadarço da chuteira do jogador? Não é possível.
Na verdade, o ato supostamente inconsequente é um típico ardil que comumente vemos em torneios mais encardidos como a Libertadores da América. Se trata da pior catimba tipicamente latina de lidar com um jogo de futebol. De incomodar o oponente com algo fora do previsto, desestabilizar o psicológico do cara com uma mordida é característica do vale tudo. Não pode passar batido.
Suárez é inegavelmente um grande jogador que, inclusive, cairia como uma luva na camisa 9 brasileira em tempos de Fred de titular e Jô no banco. Mas devemos deixar seu talento de lado e pedir pela condenação de um ato vil que merece severa punição por parte da Fifa.
E que a Colômbia se aproveite da provável ausência do principal jogador uruguaio e garanta sua vaga nas quartas de final.