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Leticia Borges
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Leticia Borges é especialista em Língua Portuguesa, jornalista, professora e palestrante. / leticia.textos@gmail.com

Língua e letra

O bom português abre portas

E os erros eliminam 40% dos candidatos | 30.06.14 - 19:03 O bom português abre portas .
Goiânia - Conversei com dez pessoas que participaram recentemente de processos seletivos em busca de uma vaga de emprego. Todas passaram pelo mesmo procedimento: entregaram currículo, fizeram uma redação e foram orientadas a aguardar um telefonema para agendamento de entrevista, que só aconteceu para três delas.

As sete que foram eliminadas confessaram que tiveram dificuldade para escrever e que não imaginavam que isso as faria perder uma oportunidade. Talvez elas tenham menosprezado o valor da comunicação e confiado apenas nas habilidades profissionais. Isso é um erro, pois a tendência agora é filtrar o candidato pela sua capacidade de compreender textos e se expressar utilizando a norma culta da língua.

Pesquisas divulgadas em grupos de gestores de Recursos Humanos mostram que 40% dos candidatos a uma vaga de emprego ou estágio são eliminados por causa de erros de português nos currículos e redações. Desde coisas simples como trocar o ‘s’ pelo ‘z’ até erros de concordância em períodos muito longos e sem coesão, as falhas na comunicação estão sendo uma pedra no sapato de quem investiu em cursos de informática, MBAs e  língua estrangeira e esqueceu de dedicar um tempo para a leitura e escrita da própria língua.

Se o candidato consegue chegar à entrevista (e os que erram nos textos são encaminhados com ressalvas) a expressão oral é que pode pôr tudo a perder. Ouvir um “nóis vai”, um “vareia”, um “houveram” ou gerúndios mutilados como “fazeno” e “trabaiano” podem soar como o gongo da eliminação para muita gente. Isso porque, na visão da empresa, preparar tecnicamente um candidato para exercer uma função é muito mais fácil e barato que investir no reaprendizado da língua. Se o problema com o português é muito grave, mesmo o candidato sendo razoável para a vaga, a opção é não contratar.

Quando o problema é detectado entre funcionários, a solução tem sido os cursos in company. Nesse caso é mais produtivo para a empresa qualificar sua mão de obra, porque demissões custam caro e processos seletivos também. Em alguns deles a vaga não é preenchida porque ninguém passa da fase da redação. O investimento no grupo tem rendido bons resultados.

Sempre busco feedback das empresas por onde passei, e os gerentes de RH me apontam uma melhoria de 40% a 70% na comunicação da empresa. Não só na correção imediata dos textos emitidos, mas também no comportamento. Os funcionários se tornam mais vigilantes, mais curiosos e mais pesquisadores na hora de escrever. Ficam solidários na hora das dúvidas e vão se habituando ao processo de aprendizado constante. A resistência à mudança, encontrada principalmente entre aqueles funcionários com mais tempo de empresa e que desfrutam de um certo status, é um dos problemas relatados.

Sempre é preciso rever conceitos e realizar mudanças. Se o profissional já tem o hábito de buscar qualificação, é preciso que ele inclua em seus estudos treinamentos para escrever com clareza, falar bem em público e estabelecer boas relações interpessoais. Essas habilidades não são a cereja do bolo, como muitos pensam. Mais que um detalhe, a comunicação é o cartão de visitas e a garantia de permanência no mercado de trabalho.

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