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Leticia Borges
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Leticia Borges é especialista em Língua Portuguesa, jornalista, professora e palestrante. / leticia.textos@gmail.com

Língua e letra

Prosódia, ortoépia e cacofonia

Esses problemas podem destruir seu discurso | 21.07.14 - 14:54 Prosódia, ortoépia e cacofonia http://educacaoparavivereconviver.blogspot.com.br

Para quem gosta de reflexões, indico assistir algumas palestras de Eduardo Marinho. É aquele filósofo das ruas, que deixou uma vida boa para conhecer o mundo e hoje compartilha experiências em eventos por todo o país. Uma de suas observações me fez inserir nos cursos de como falar em público um componente sobre pronúncia e erros de oralidade.

Marinho diz que a maioria das pessoas são privadas de uma escola que as habilite a explorar o potencial de seu raciocínio e por isso desenvolvem uma intuição sobrecomum que lhes garante a sobrevivência em sociedade. Transferindo essa informação para a teoria das relações interpessoais e da comunicação, percebo que faz muito sentido.

É comum encontrarmos oradores talentosíssimos, que sabem usar as expressões corporais e faciais, que têm modulação de voz perfeita, que conhecem o assunto em discussão mas que, no meio da fala, cometem algum erro de prosódia (erro ao marcar a sílaba tônica), ortoépia (erro de pronúncia) ou concordância (principalmente entre sujeito e verbo).

O resultado disso varia (e não vareia, como se ouve por aí) entre risadas abafadas, constrangimento geral e perda de concentração e interesse por parte do público.

Essa pessoa desenvolveu habilidades intuitivas, identificou seu talento, obteve sucesso mas apresenta marcas de uma carência do passado, a da educação básica, onde a linguagem formal deveria ter sido absorvida. Isso pode ser visto em entrevistas de TV com políticos e empresários. Um secretário de Estado disse a uma repórter que “houveram muitos projetos”. Um empresário foi assinar um contrato e perguntou se só a “rúbrica” bastava.

Existe também a cacofonia, que é aquele som desagradável resultante da junção da última sílaba de uma palavra com a primeira da outra (ela tinha, por cada, eu vi ela, essa fada, vou-me já, fé demais, marca gol). Os cacófatos constantemente são usados para fazer pegadinhas e pregar peças em profissionais de rádio e TV. Quando o locutor vai ler o nome do ouvinte, aparecem coisas como Mônica Gava, Paula Tejano, Armando Pinto.

Evitar esses erros é uma boa maneira de não pôr a perder sua participação em uma reunião de trabalho, seu discurso de formatura ou a apresentação de um seminário. Seguem alguns erros comuns. Vou começar com meu preferido, porque já falei isso muitas vezes.

- Espinho de peixe. (peixe tem espinha)
- Vomito (o substantivo é vômito, vomito é a primeira pessoa do singular: eu vomito).
- Asterístico ( é asterisco)
- Eu guspi (é cuspi)
- Evento beneficiente (é beneficente)
- Ele é de menor (ele é menor)
- Ela soa muito (ela sua muito, do verbo suar. Soa é do verbo soar, que significa produzir som, ecoar.)
- Desejo que você seje feliz e esteje bem. (é seja e esteja em QUALQUER situação).
- Mortandela, iorgute, cardaço. (mortadela, iogurte, cadarço).

Uma vez um advogado que estava me orientando disse que “quantas menas coisas” eu falasse na audiência, melhor. Ele deveria ter seguido o próprio conselho. 

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