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Leticia Borges
Leticia Borges

Leticia Borges é especialista em Língua Portuguesa, jornalista, professora e palestrante. / leticia.textos@gmail.com

Língua e letra

Viagem no tempo

De dez em dez anos costumo olhar para trás | 28.07.14 - 15:28 Viagem no tempo (Foto: divulgação)
Em 1994 o mundo do jornalismo abria as portas para mim. Depois de fazer alguns frilas para semanários, entrevistar duplas sertanejas em rádios e ser balconista de locadora, estava sendo contratada como repórter de um jornal diário. Plantonista. Mas repórter. Minha pauta de teste foi uma campanha nacional de vacinação.

Insegura, ansiosa e tudo o mais, fiz o melhor que pude. Lembrei do quem, quando, onde, como e por quê do primeiro parágrafo, da forma de pirâmide invertida da notícia, da ordem direta. Entreguei o texto para a editora (na época eram laudas de papel, máquina de escrever) que fez uma leitura rápida, embolou e jogou no lixo.

O motivo: eu havia escrito paralizia. Sim, com Z.

Claro que corrigi o erro e a matéria foi publicada, mas o ato constrangedor nunca mais saiu da minha cabeça. Decidi não passar mais por isso. Passei a frequentar a mesa da revisão e a fazer mil perguntas. Aumentei a qualidade e a quantidade de leitura, fiquei mais atenta às vírgulas. Era ilusão minha achar que nunca mais erraria. Mas eu estava certa em investir em um método que me faria errar menos.

Em 2004 eu estava participando de um curso de comunicação empresarial e era aquela aluna irritante. Respondia tudo, comentava tudo, perguntava sobre tudo, ficava depois da aula para papear com a professora sobre gramática. Estava adorando rever aquelas regras esquecidas, aprender como usar no texto. Seriam duas semanas de curso, além de tudo de graça e no horário do expediente. Ou seja, praticamente o paraíso.

A primeira semana se passou. Na sexta-feira à noite a professora me ligou, bem tarde já. Disse que uma instrutora de outro curso havia sofrido um acidente e perguntou se eu poderia fazer o imenso favor de assumir a turma dela. Bem, tive um fim de semana para me preparar, chegar na segunda-feira e dar aula para um auditório cheio de adolescentes durante quatro horas seguidas.

A experiência foi tão fascinante que nos anos seguintes eu obtive minha licenciatura em língua portuguesa, fiz uma especialização em leitura e escrita, dei aula em três colégios (inclusive como concursada na rede estadual) e continuei sendo convidada para aulas particulares e cursos empresariais (meus preferidos e aos quais me dedico integralmente nos últimos anos).

Em 2014 ganhei um presente maravilhoso: esta coluna. Falar sobre as dúvidas que já foram minhas, responder perguntas, despertar nas pessoas um carinho pela língua, um cuidado com a comunicação tem sido gratificante. Disso já surgiram dois projetos de livro e várias ideias para novos trabalhos, além da necessidade de continuar estudando e errando menos.

Em 2024, continuando o ciclo de novidades de dez em dez anos, espero não passar nenhuma saia justa, apenas ter surpresas boas. Mas tudo que seja importante será bem-vindo. Só peço que seja leve porque não terei mais idade para aguentar baques fortes.

Quem chegou até aqui deve estar se perguntando porque estou falando essas coisas. É porque, com o passar do tempo, os aniversários vão se distanciando das festas e se aproximando da melancolia saudosista. Principalmente se chegam  em uma segunda-feira fria e cinza.

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