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Sobre o Colunista
Leticia Borges
Leticia Borges é especialista em Língua Portuguesa, jornalista, professora e palestrante. / leticia.textos@gmail.com
Goiânia - Os dados do IBGE sobre o uso da internet no Brasil não causam surpresa: quase metade da população tem acesso à rede: 70% dos jovens estão conectados e 90% das pessoas com mais de 15 anos de estudo também.
No sul, sudeste e centro-oeste estão as maiores taxas, e no norte e nordeste as menores. O lanterna é o Maranhão, onde apenas 24% da população foi beneficiada pela inclusão digital.
Embora estejam inclusos, milhões de brasileiros não compreendem a dimensão e os benefícios da comunicação eletrônica. É porque falta, além da educação tradicional, o letramento digital.
A falta de informação sobre as ferramentas de acesso a serviços e conhecimento leva a um uso raso e até contraditório das redes sociais.
Vou citar três exemplos:
Conheço um adolescente de baixa renda que ganhou um notebook que só é usado para jogos. O menino nunca fez uma pesquisa escolar ou leu um livro em PDF.
Conheço uma servidora pública que não se adapta à informatização no seu departamento, porque acha complicada a ação de registrar em planilhas os andamentos dos processos. Mas faz cerca de 30 postagens de figurinhas e frases feitas no facebook diariamente.
Conheço uma estudante que comprou um Iphone em prestações a perder de vista e só utiliza o aparelho para tirar e postar fotos de “makes” e figurinos e interagir com “rapazes interessantes”.
Nada contra redes sociais e jogos. O fato é que existem benefícios demais na internet. Serviços públicos como os da Receita Federal e Previdência Social, agendamentos de atendimentos das esferas municipal e estadual, opções como os fale conosco e perguntas frequentes de várias empresas, cursos online, artigos jornalísticos e acadêmicos, videoaulas, grupos de discussão, orientação jurídica, informações geográficas, oportunidades de emprego, uma infinidade de recursos.
Diante dessa riqueza inexplorada é ruim ver pessoas que utilizam redes sociais para maldizer subcelebridades, fazer guerrinha de fã-clubes, comentar programas de TV que não mereciam nem ser assistidos, divulgar vídeos eróticos alheios, marcar rolezinhos e tantas outras bizarrices.
É válido usar a internet como entretenimento, mas quando o uso é canalizado apenas para banalidades é sinal de que a inclusão digital tão difundida não está sendo suficiente para que a população brasileira usufrua das tecnologias de informação e comunicação existentes.
É o subaproveitamento de meios que ocasiona uma exclusão dentro da inclusão. Faltam ações orientativas e conscientizadoras, mas também falta gente disposta a fazer um uso mais denso da internet e investir tempo em acessos mais construtivos. Já está passando da hora dos pais, das escolas e das empresas canalizarem esforços para a educação multimídia.
A solução simplista de proibir celulares em sala de aula ou durante o expediente só vai fazer com que as pessoas burlem as regras e continuem na superfície da rede mundial, acreditando em notícias falsas, compartilhando mensagens sociais e religiosas de preconceito e intolerância, difundindo boatos alarmantes e desinformando os mais ingênuos.
A ignorância digital é isso: problema velho com roupa nova.