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O efeito Marina Silva

Direita atropelada, esquerda contundida | 21.08.14 - 17:20 O efeito Marina Silva .
 
Goiânia - O PSB confirmou na noite desta quarta-feira (20/8) o nome de Marina Silva como sua candidata à presidência da República. Foi também oficializado o nome de Beto Albuquerque como vice.
 
Direita atropelada, esquerda contundida. É o efeito Marina, segundo uma pesquisa de boca-de-caixão feita pela Folha ainda quando os restos mortais de Eduardo Campos eram coletados.
 
A princípio, os tucanos estavam felizes com a novidade no tabuleiro eleitoral, considerando a chance de segundo turno que Marina traria ao capitalizar votos. Entretanto, ela trouxe mais: o segundo turno parece inevitável, mas sem garantia nenhuma da presença de Aécio Neves (aliás, muito pelo contrário...). Entre petistas, Marina sempre foi pedra no sapato, mas não se imaginava que com poder de derrubar Dilma.
 
A campanha está só começando e, de repente, a letargia se transformou em uma efervescência generalizada. Raivosos da direita já estão dizendo que Marina é uma “ungida que não negocia”, “autoritária”, dona de uma personalidade de “caráter olímpico”. À esquerda, ela é tachada de “Fadinha da Floresta”, “retrocesso”, “lado B tucano”.
 
Há quem se mostre indignado com o fato de ela dizer que não estava no avião de Campos por “providência divina” (que beneficiou só a ela própria?). Dizem ainda que Marina mistura a Bíblia com a Constituição. Ora, mas Dilma (que empregou um ministro da pesca da Igreja Universal do Reino de Deus) e Alckmin estiveram na inauguração do Templo de Salomão e, lá, a Presidente da República disse que “felizes são os que crêem”.
 
Na eleição passada, todo o PSDB de Serra se aliou a Silas Malafaia para enfiar questões religiosas nos debates, como se vivêssemos ainda na Idade Média.
 
Será que só Marina mistura religião com política?
 
Ademais, é bom lembrar que, se não fosse o STF liberar o casamento gay, nenhum partido teria abraçado a causa no Congresso, por medo de perder votos nos currais religiosos! Nem PT, nem PSDB, nem ninguém! Ou seja, estão todos com a Bíblia nos sovacos!
 
Há ainda os que criticam o fato de Marina ter pregado o novo e se aliado aos de sempre. Sim, isso é verdade! Mas, quem está em condições de atirar primeira, segunda e terceira pedras nesse sentido? FHC se aliou a Antonio Carlos Magalhães e a todo o coronelismo que ecoa das Capitanias Hereditárias. Lula e Dilma se apegaram a Sarney. E todos continuam com o PMDB e seu fisiologismo que vem do paleolítico!
 
Não, não estou defendendo Marina e sobre ela falei aqui na Coluna em outubro de 2013: Marina optou. É o poder. Nem achando que ninguém presta na política, pois esse pensamento só beneficia os aspirantes a ditadores. Em todo o mundo, a prática democrática é um jogo muito mais complexo que a dicotomia entre "santos" e "demônios", e ele depende muito da consciência e da participação de todos.
 
Nesse sentido, a chegada de Marina Silva (essa complexa figura que já foi companheira de Chico Mendes defendendo seringueiros, ministra de Lula e hoje dialoga aos sorrisos com conservadores, tendo um banco como mecenas) está nos dando à chance de refletir sobre os passos fundamentais a serem dados para consolidarmos nossa jovem democracia.
 
O buraco é muito mais embaixo que discussões cegas e intolerantes entre “petralhas” e “coxinhas”. O nó está em um modelo arcaico sobre o qual se sustenta nossa democracia, financiada por grandes empresas privadas, especulada por uma mídia maquiavélica e onde a ideologia é constantemente sequestrada pela "governabilidade".
 
Uma coisa é certa. O futuro que Marina Silva promete chegar em forma de metáforas e suas inúmeras derivações. Pensamentos prolixos e incompreensíveis, negando as pesquisas com células-tronco, a união civil de pessoas do mesmo sexo e defendendo o ensino do criacionismo nas escolas públicas.
 
Entender Marina exige inspiração e muita transpiração. 

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