Goiânia - Estou acompanhando essa campanha eleitoral com mais animação que o Campeonato Brasileiro. Não é para menos. Enquanto meu time disputa a rabeira da tabela no futebol, a política está bem mais emocionante. Não há a paixão que envolve o esporte em relação aos candidatos. Minhas decisões de voto se baseiam desde o cínico conceito de revezamento de máfias, passando pela escolha do menos pior e chega até a candidatos que realmente gosto e acredito.
Já trabalhei em campanhas, o que não está acontecendo nesse ano. Então tenho uma visão de bastidor, do que rola por trás, mais intestina do que é a busca ao nosso voto. Velho, posso dizer com tranquilidade que as redes sociais estão demonstrando o quanto o cenário está bagunçado. Gente que estava tranquila, não está mais. Gente que tinha um posicionamento sereno, agora é raivoso. Gente que tinha lado certo, não tem mais tanta certeza assim. É uma bizarrice só. Um freak show inacreditável.
A queda do avião de Eduardo Campos pegou todo mundo de surpresa, e parece que mudou de vez a rota do Brasil. Estratégias foram descartadas assim que Santos viu o presidenciável falecer e somente agora está surgindo um cenário mais claro do que o trágico evento significou. Enquanto todos estavam boquiabertos, a balbúrdia das redes veio à tona.
A primeira reação atônita devido à galopante ascensão de Marina Silva explicitou o quanto ninguém sabia o que fazer. Esse estupor dos núcleos de campanha deixou a militância das redes sociais acéfala. Cada um agiu da forma como bem entendeu, sem um comando real que só agora é reorganizado. O exército mercenário virtual (uso esse termo por traduzir na essência o que são esses soldados das redes sociais - não há envolvimento real com a causa, somente interesse financeiro, tal qual os combatentes mercenários que estudamos na história) ficou perdido. Não tinham orientação se deveriam bater, onde criticariam e sequer tinham clareza se a nova candidata realmente apresentava risco às pretensões dos dois principais nomes.
Cada um agiu como bem entendeu nas redes. E, nesse momento de mudança abrupta de quadro, uma candidatura foi atropelada de tal forma que sequer conseguiu anotar a placa de quem passou. Outra desidrata a olho nu e torce para que algum discurso que coloque a nova rival em xeque cole junto à opinião pública.
Só agora percebemos novamente unificação de posicionamento nas redes. O discurso de uns destaca questões pessoais de Marina para desqualificar sua investidura. Outros, a suposta falta de experiência administrativa. Se vão pegar ou não, dentro de pouco mais de 30 dias saberemos.
O fato é que a campanha de 2014 ganha desenhos de emoção como desde 1989 não víamos.