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Pablo Kossa
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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Esparramar disco pelo mundo funciona pro U2

Estratégia da banda aponta novos tempos | 10.09.14 - 12:10

Goiânia - O assunto geral do mundo pop ontem foi o lançamento do novo disco do U2, Song of Innocence. Um álbum de inéditas dos irlandeses após cinco anos sem colocar nada inédito nas prateleiras, por si só, já estaria na pauta geral. Contudo, a estratégia usado por Vox, Edge, Clayton e Mullen surpreendeu a todos: em evento onde a Apple apresentaria ao mundo as invenciones do novo IPhone e demais badulaques tecnológicos que ela lançou, a banda aproveitou e disponibilizou de graça para os usuários da maçã mordida o trabalho de forma gratuita.

Os números impressionam: 500 milhões de pessoas no mundo possuem conta no ITunes. Todas essas têm direito a fazer o download sem pagar nada pelo disco. Um contingente para lá de respeitável.

É impossível saber especificamente qual o disco mais vendido da história com números precisos. Não há um instituto capaz de unificar esses dados tão dispersos mundo afora. O Guinness Book estima que Thriller do Michael Jackson vendeu 47 milhões de cópias, o que lhe daria o primeiro lugar. The Wall e Dark Side of the Moon do Pink Floyd teriam vendas estimadas acima dos 40 milhões de unidades. A mesma coisa com o IV do Led Zeppelin. Percebeu o quão abrangente são os 500 milhões de usuários que podem ser atingidos pelo novo disco do U2?

Eu baixei o disco ontem. E só o fiz por que era de graça e o burburinho em volta do feito. Não ouvi ainda, embora goste bastante do trabalho do U2. Não sou muito afeito a lançamentos. Não gosto de ir no cinema ver filmes que acabaram de entrar em cartaz, não gosto de ler os livros que chegaram recentemente às estantes, não gosto de ouvir os discos que saíram do forno.

O hype pode influenciar minha avaliação estética da obra. E ouvi muito Public Enemy na vida para acreditar no hype. Gosto de dar um espaço de dois ou três anos para o consumo da obra. Minha percepção fica mais isenta com esse distanciamento temporal. Mas vou ouvir esse disco do U2. Não vou conseguir esperar tanto. Depois, digo nas minhas redes sociais o que achei.

É evidente que tal estratégia só funciona para um artista de porte semelhante ao U2. Assim como o “pague quanto acha que vale” funciona para gente do tamanho do Radiohead. Para os pobres mortais, não adianta nada botar o trabalho de graça na rede. Digo por experiência própria. O disco Sucesso no Brasil de minha banda Chapéu, Cerveja e Frustrações está gratuito na internet e conseguimos pouco mais de dois mil downloads. É claro que cada um tem os números que seu talento permite. E se você quiser um CD físico da banda na mão, me avise em uma rede social aí que faço uma cópia chegar na sua mão. É bom que alivia um pouco da caixa de encalhe que está no quartinho do fundo da minha casa.

O ganho institucional do U2 com essa tática é imensurável. Ter os fãs de todo mundo com as faixas novas na ponta da língua durante a turnê deve ser a maior recompensa para artistas que já alcançaram tudo o que pensavam alcançar. Essa deve ser a grande motivação dos quatro.

E, nesse contexto, não deixa de ser curiosa a declaração de Sérgio Britto dos Titãs sobre a crise do CD. Em entrevista para a Rolling Stone Brasil, ele declarou que é estranho o tempo em que a pessoa ache normal pagar R$ 10 para tomar dois chopes e caro desembolsar R$ 15 por um disco com 14 músicas. Faz pensar.


Comentários

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  • 10.09.2014 14:51 Msamsa

    É que o disco pode ser baixado da internet, o chope, não.

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