Goiânia - Desde que virei pai, essa época do ano me angustia. É que chega a hora de avaliar o ano escolar da prole. Não é simples decidir se apostamos mais um ano nas mesmas instituições em que confiamos a imensa responsabilidade de lecionar o ensino formal às nossas filhas ou partimos para uma nova experiência.
O primeiro ponto que avaliamos é como a instituição (e aqui incluo tanto as escolas convencionais quanto às de idiomas e esportes) lidam com o aspecto humano. Pouco adiantaria trabalharmos certos valores em casa e a escola destruir isso dentro de sala de aula.
Temos a ideia de que nossas filhas não são máquinas e entrar em uma universidade é mera consequência do aprendizado que elas acumularam ao longo dos anos.
A instituição que não se alinha a essa perspectiva de entender a diversidade humana, que não incentive a tolerância e que não entenda que está lidando com crianças e adolescentes e não humanóides saídos de um livro de Aldous Huxley está imediatamente descartada.
Para que um jovem de hoje absorva certo conteúdo é preciso ser esperto. O cabresto é insuficiente para a nova geração – hiper conectada, cheia de informação e com forte tendência dispersiva.
Se é para ensinar inglês, mostrar o idioma no cotidiano da molecada é certamente mais funcional do que vomitar conteúdo no quadro negro. Se é para ensinar história, é mais proveitoso entender o processo do que decorar nomes de líderes que pouco ou nada dizem ao jovem.
A revolução tecnológica chegou primeiro nas salas de aula que lidam com nativos digitais e não com a minha geração de transição, que nasceu no analógico e vive o digital atualmente.
Nosso esforço como pais é encontrar as instituições que entendam essa nova dinâmica e não ficaram acomodadas nos louros do passado. Por outro lado, também não queremos que sejam escolas deslumbradas, achando que só o digital é a panaceia. O meio termo é o que nos interessa. Chamar a atenção da molecada sem ser superficial ou idiotizante, mas também sem ficar enfadonho é um desafio gigante.
É claro que tem gente muito mais inteligente que eu debruçada sobre o assunto e que se dedica com afinco ao tema. Eu sou só um pai que tenta encontrar o melhor para minhas filhas – escolas que respeitem o que acredito ser essencial para um ser humano carregar como valores e que ministrem os conteúdos necessários para o desenvolvimento intelectual.
No geral, posso dizer que estamos satisfeitos com as escolhas que fizemos. É claro que sempre tem um ponto aqui ou outro acolá em que discordamos e que pensamos ser possível melhorar. Ninguém acerta todas. Mas, entendendo como média, posso dizer que nossa tendência é manter as garotas onde elas atualmente estudam. A avaliação que fazemos ano a ano até agora é positiva. E nossa meta é não vacilar e agir rápido caso nossa percepção mude.
Perder o timing na educação dos filhos pode ser perigoso. E não queremos correr esse risco.