Goiânia - Não assisti ao debate entre os presidenciáveis ontem na Bandeirantes. Como eu disse no Twitter, zumbi por zumbi, preferi assistir ao retorno do Walking Dead na Fox que rolou no mesmo horário. Tenho certeza que me dei bem com essa escolha. Só não sei quem viu mais sangue: eu que optei por ver gente tendo o rosto estraçalhado a dentadas por mortos-vivos ou quem viu Dilma e Aécio no tablado.
Enquanto eu assistia Rick e companhia em sua treta em Terminus, meu WhatsApp bombava com os comentaristas do debate. Estou em dois grupos antagonistas em preferências eleitorais. Parece que ambos assistiam programas tão distintos quanto eu na Fox. Impossível que eles estivessem falando da mesma coisa. Para cada um dos grupos, seu candidato ganhava de goleada do adversário.
A real é que assistimos a debates igual a jogos de futebol, com o mesmo grau de paixão e irracionalidade, com o mesmo percentual de imparcialidade. Nosso candidato pode fazer a pergunta mais batida do mundo que, para quem é adepto de sua propositura, soa como golaço. E o comportamento é exatamente o mesmo de arquibancada. Os comentários que chegavam em meu celular eram da profundidade de “vixe”, “agora quero ver sair dessa”, “acabou com X”... Isso quando não parte para a pornografia explícita. Repito: exatamente como um estádio.
Como não existe o gol para diferenciar quem se deu melhor no debate, ambos os lados comemoram a vitória. Basta dar uma circulada pelas redes sociais que veremos isso, todo mundo afirmando que o candidato de sua preferência é o vitorioso.
Em eleições parelhas e que são decididas por um triz, como aparenta ser o caso da presidencial de 2014, o acirramento é natural. O estado de histeria coletiva que partidários vivem é que não é.
Com o mínimo de bom senso, ambas candidaturas fariam um pacto para não tocar nos assuntos corrupção, ética e honestidade. Os dois têm tantos esqueletos nos seus respectivos armários que fariam inveja aos defuntos que perambulam procurando carne fresca no Walking Dead.
Mas é claro que o torcedor só enxerga a roubalheira do lado oposto e convenientemente se cega para a do seu. Sentar no próprio rabo para apontar o dedo em riste para o adversário é tática política desde sempre. Só que nessa eleição especificamente está mais acintoso, mais despudorado.
Parece que o zumbi da idiotia comeu o cérebro da militância política no Brasil em 2014.