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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Odeio perder tempo (e não me orgulho disso)

Nada me angustia mais que desperdiçar minutos | 24.10.14 - 10:30

Goiânia - Tem gente que se irrita com o trânsito. Outros com o time que vai ser rebaixado de novo. Alguns com o chefe que é mais burro que um protozoário. Poucos (?) com a sogra. Eu não estou em nenhuma dessas categorias. O que me tira a paciência profundamente é a sensação de perder tempo. Ficar esperando algo sem ter nada para fazer me estressa, me consome, me mata.

Tenho minhas táticas para não ficar com a impressão de desperdiçar valiosos minutos. Sempre carrego algo para ler. Se eu tiver que esperar mais um pouco por uma reunião que atrasou, uma fila maior que a muralha da China ou um congestionamento monstro que não anda nenhum centímetro, saco na hora essa arma secreta. O celular também ajuda nisso. Uma olhadinha nas redes sociais, uma resposta ao grupo groselha do WhatsApp ou algum aplicativo sem utilidade maior também são companheiros nessa missão.

Não me orgulho de ser assim. Na verdade, estou fortemente contaminado pela dinâmica do mundo contemporâneo. Tudo ao mesmo tempo agora. Essa overdose de informações e o tempo cada vez mais escasso para processá-las é cruel, nos oprime. Isso é horrível. Parece que sempre estamos atrasados, estamos sempre com alguma demanda reprimida que ficou para trás. A angústia bate na hora por percebermos nossa impotência perante o tanto de coisas que se avolumam para serem resolvidas.

Dormimos repassando a agenda do dia seguinte, acordamos lembrando de algo que era para ter sido feito ontem e não foi concluído. Almoçamos respondendo mensagens, tomamos banho com o celular apitando sem parar. Até durante o sexo o mundo está mostrando sua face e nos cobrando atenção - estudo da agência de publicidade Proximity Worldwide com 3 mil pessoas mundo afora revelou que 14% das pessoas param a relação sexual para atender a chamadas no celular, sendo que Alemanha e Espanha lideram esse absurdo ranking. 

O mundo roda do mesmo jeito se você está dormindo ou lendo a última pesquisa de intenção de votos das eleições do Ceará. Ficar sem fazer nada é bom para o corpo e muito melhor para a cabeça. Tenho o plano de ainda ter esse grau de desprendimento. Vamos ver com quantos anos essa virtude chega. Até lá, sigo fazendo mil coisas ao mesmo tempo - todas sem a qualidade mínima para ser digna de nota. 


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