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Pablo Kossa
Pablo Kossa

Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Subir no palco e pular no público é para jovens

Já fiz, não me orgulho, mas não me arrependo | 08.11.14 - 09:27


Goiânia - Em uma comunidade que participo no Facebook dedicada à memória da saudosa revista Bizz, existe um tópico que elenca as reações de variados artistas ao hábito do público de subir no palco e se jogar em cima da galera.

É engracadíssimo. Josh Homme do Queens of the Stone Age empurra o fã do palco e avisa que ali é seu território. Keith Richards dos Rolling Stones tira a guitarra e a desfere contra o infeliz. Fat Mike do Nofx dá uma cotovelada no fã que tentou o abraçar e, com o cara caído, desfere um chute de fazer inveja a Anderson Silva. Mike Patton do Faith no More, em show de seu projeto paralelo, o Mr. Bungle, dá uma microfonada na cabeça de um coitado que o próprio artista se arrepende e arruma uma toalha para ajudar a estancar o sangue. O rapper Akon ergue um moleque no braço e o arremessa de volta ao público.

Uma bela coletânea de cenas. Digna de melhores momentos da luta livre que passava no SBT.

Existem locais que chamam a prática de subir no palco e se jogar no público de mosh. Outros de stage dive. Quando jovem, eu usava o primeiro termo. Hoje, prefiro denominar de inconsequência juvenil.

Somente a imaturidade daquela importante, e que não me causa sentimento algum fora a vergonha, fase da vida chamada juventude para explicar um ato tão irracional. A lista de consequências nefastas que tal ato podem provocar no cara que pula e no incauto que está assistindo o show deixariam Dráuzio Varella com pauta para uns 70 programetes. 

Uma vez no Martim Cererê, em um show da Bidê ou Balde, subi no palco e me larguei sobre o público que foi me empurrando com as mãos. Naquele bodyboard no mar de gente, fui direcionado rumo a roda de pogo que estava no meio do teatro. Caí no meio do povo que elegantemente dança se chutando. Se fosse hoje, seria preciso chamar o Samu para me resgatar. Mas como eu vivia o frescor da juventude, levantei e voltei para o gargarejo.

Em outra ocasião, durante uma apresentação do Matanza no Oscar Niemeyer, estava vendo o show na beirada do canto esquerdo do palco. Eles começaram a tocar I got stripes de um de meus heróis, Johnny Cash. Subi ao palco, o atravessei dançando e saltei sobre o público no lado oposto. Caí em cima de um portador de necessidades especiais que estava na frente do palco esperando pelo show seguinte que, se minha combalida memória não está me deixando na mão, era do Marcelo Camelo. Sem ter onde enfiar a cara, pedi desculpas constrangidas e saí de perto.

Nunca topei com um artista hostil como esses acima. Nem me machuquei ou feri alguém nessas aventuras. Posso me considerar um cara de sorte. Ainda bem que esse tipo de emoção existe agora somente nas histórias que conto para os outros.


Comentários

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  • 09.11.2014 20:07 Júlio César

    No artigo anterior nosso articulista "detona" os saudosistas da ditadura dizendo que só corruptos, radicais e puxa-sacos ganhariam com a volta dos militares. Ok. Daí, no artigo seguinte ele me vem com esse tema relevantíssimo, que teria feito Shakespeare mudar o "dilema" de Hamlet: pular ou não no público em shows de rock? Eis a questão! Rsrs. Depois, quando Olavo de Carvalho diz que a vida intelectual acabou no Brasil, neguinho vem dizer que ele está sendo hiperbólico ou radical! Não, está sendo cirurgicamente preciso!

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