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Pablo Kossa
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Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / pablokossa@bol.com.br

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Terrorismo revolucionário riponga

Filme sobre Baader Meinhof glamoriza grupo | 19.11.14 - 12:29


Goiânia - Tive a oportunidade de assistir ontem o filme alemão O Grupo Baader Meinhof e uma incômoda sensação fica após o término da obra: estamos falando de hippies ou de guerrilheiros? Novos Baianos ou Tupanamaros? A história mostra que lidamos evidentemente com a segunda categoria. O filme pincela vários elementos da primeira.

Tudo bem que não se trata de um documentário, não há compromisso cabal com os fatos. E, como estamos lidando com uma ficção feita em cima de um elemento histórico, o diretor Uli Edel tem liberdade para florear o quanto quiser. E é daí que surge o incômodo. Afinal, o climão riponga drogadicto e sexualmente liberado não combina com a disciplina veemente que era cobrada por todas as organizações de esquerda mundo afora. O filme deseja mostrar que, ao menos no Baader Meinhof, a coisa funcionava na mistura dos elementos da revolução comportamental e política.

Esse conflito fica explícito quando os militantes alemães seguem para a Jordânia, em 1970, para um treinamento de guerrilha. Os rígidos costumes dos árabes que se preparavam para a guerra contra Israel são confrontados pelos jovens da Europa Ocidental. Os conflitos de comportamento, segundo o filme, se impõem de tal forma que qualquer acordo político se torna inviável.

É inegável a tentativa do diretor de emprestar certo glamour rockstar aos guerrilheiros. Inclusive, a crítica alemã não perdoou o filme por conta dessa fetichização. Tanto na seleção do elenco, recheado de estrelas da nova dramaturgia do país de Merkel, quanto na escolha de cenas mais ousadas, fartas em imagens sedutoras e beldades nuas para todos os gostos.

A grande virtude do filme é de aprofundar na reflexão acerca da reorganização da Alemanha do pós-guerra. Como a geração baby boomer encarou um país divido por um infame muro, cheio de cicatrizes da acapachante derrota, humilhado perante o mundo e com vergonhas internas como a existência dos campos de concentração para resolver se portou nesse período. Além disso, o Edel também merece destaque por não limitar o filme às cenas de ação, colocando também os debates que motivaram a existência do grupo.

No fim, vale a pena investir quase duas horas e meia no filme. Mesmo sem o foco primeiro em descrever os fatos como eles aconteceram, o trabalho de Edel se preocupa com alguma contextualização e soma para que tenhamos um entendimento maior acerca da história recente de um dos países mais importantes do mundo.  


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