Depois do feriadão que eu tanto prezo, volto à realidade com uma notícia que, ao que me parece, movimentou o mundo virtual nos últimos dias: as fotos da apresentadora Ellen Jabour pegando na alta o tal do Pe Lanza, do Restart, no SWU. Todos os sites de fofoca estão falando disso, com destaque em várias páginas. Tamanha mobilização por conta de um fato tão corriqueiro, duas pessoas bêbadas se pegarem sem compromisso num show, me fez pensar no quão sacal deve ser a vida desse tipo de celebridade.
Vi as fotos e a feição da loiraça entrega que ela já tinha tomado uns gorós a mais naquele dia. Normal. Também nas fotos dá para ver que ela curtiu o lance de ficar com o garoto. Normalíssimo. O problema é que ela não contou (ou não se lembrou, ou sacou e é estratégia – vai saber...) que a indústria da fofoca estava ávida por esse momento de descuido de todos que já apareceram na televisão por mais de 15 minutos. Tudo o que esses caras fazem é de interesse do público desses veículos de comunicação.
Aí fui ver as notícias de destaque do dia e, na boa, cada uma é mais constrangedora que a outra. Uma falava sobre uma tatuagem de uma mulher fruta em homenagem ao Steve Jobs, outra sobre um chilique a namorada de um ator deu em um shopping carioca, uma terceira mostrava o onipresente Neymar em um show de axé. Enfim, um verdadeiro mar de inutilidades e que, pelo número de patrocinadores que tinha lá, deve movimentar boas cifras. E aí, meu amigo, se estamos falando de boas cifras, que se dane a individualidade da celebridade: a máquina de moer carne vai para seu rumo sem medo de nada. Celebridade não pode fazer coisas humanas e que todos fazem (brigar com a namorada, ficar bêbado e pegar alguém também em elevado estado etílico, ir a um show de música ruim) pois o risco desse fato ser destaque nesse tipo de veículo no dia seguinte é considerável.
E me impressiona também o interesse de gente, hum... como dizer..., mais estudada por esse universo. Existe atualmente meio que um orgulho por se interessar pela vida de celebridades, novelas e reality shows. Por assuntos que antes eram rechaçados e ridicularizados. Definitivamente, sou de um outro tempo. Antes, as pessoas se envergonhavam de andar com uma revista de fofoca na cidade. Hoje, entram nos sites, olham tudo e replicam nas redes sociais. E ainda se orgulham disso. Ok, esse é o novo mundo. Para um cara old school como eu, me soa falta de ambição intelectual. Naturalmente, é difícil debater Beckett. Então, coloca-se a pecha de arrogante em quem encara esse estudo e fica vendo notícias de celebridade como se isso fosse cool. Cada dá o passo do tamanho de sua perna, assim como cada um lê aquilo do tamanho de sua possibilidade.
Mas, pela repercussão geral do pega na Jabour no garoto do Restart, acho que eu já sou uma peça de museu. E confesso que prefiro ser de outro tempo do que ser parte desse mundo da futilidade.