Goiânia - Quero falar de uma pessoa que foi muito importante para mim, mas pelas palavras de outras pessoas, porque ela foi importante para muitos.
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Entramos no Tribunal no mesmo dia, 10 de julho de 1985. Ela entrou na minha vida como um raio, de forma repentina e barulhenta. Abriu a porta derrubando velhos conceitos, corrigindo o português, falando alto, chegando perto. Um pouco surpresa, meio atordoada e encantada com tanta energia, demorei a perceber que ela tinha chegado muito perto.
Pura alegria, pura irreverência, pura garra, e pura tradição.
Mulher intensa, mãe absoluta. Amava de forma generosa, sem colocar peias. Ela se vestia de arco-íris, no corpo e na alma, e num dia de muitas listras acabou ganhando o apelido de zebra, do qual fingia indignar-se, para depois cair na gargalhada.
Sempre disposta, de peito aberto abraçou a vida. Sua presença era luz, aconchego, otimismo. Seu olhar desvendava, sua análise inquietava, sua atenção aquietava.
Giovanna nunca passaria despercebida. Pura leonina, em festa celebrou seu derradeiro Natal; pura guerreira, cumpriu na íntegra seu último ano; pura elegância, decidiu começar o Ano Novo em grande estilo, e na hora mais quente, com sol a pino, mudou de plano, e fez-se luz!
Claudia Lobo
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Giovanna, gio, Jô, xiu, mãe!
Engraçado existir tantas formas para chamar uma pessoa única como você!
Não vou falar no passado pois você continua aqui.
Como pessoa a melhor que eu conheço, coração gigante, sorriso largo e fácil, palavras fortes e sábias e ao mesmo tempo com uma doçura confortante.
Mulher forte com uma inteligência ímpar. Seu charme e espontaneidade faz com que você se torne o centro de tudo.
Alegria de viver, alegria de ver a vida, não existe ninguém tão vivo quanto você! Como mãe eu não tenho palavras para descrever. Tenho o orgulho de ter feito você se tornar mãe pela primeira vez e de saber que construímos nossa vida caminhando juntas.
Mãe amorosa, dedicada é com um jeito especial de nos conduzir, nunca nos deixando cair sempre nos mostrando como era fácil levantar e seguir a vida. Nunca vou esquecer da sua frase: crescemos ou pela dor ou pelo amor. Você me fez crescer pelo amor, mas fazendo eu conseguir passar pelas dores.
Você só não me falou que não existia dor maior que essa de agora.
Cristal Di Guimarães Assal
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Difícil falar da minha amiga, ainda mais num dia como hoje. Nada do que eu disser ou escrever vai dar conta do emaranhado de emoções e competências que a Gio exalava por todos os cantos. Profissional de múltiplos talentos, de energia contagiante, de presença sempre marcante, Gio, como era chamada por todos, aliou sua formação humanística (em psicologia) à avaliação de políticas públicas com um olhar raro, arguto, crítico e ao mesmo tempo sensível sobre os fatos que costumeiramente são isolados na esfera das leis.
Como analista de controle externo, Assessora Supervisora e como Chefe do Serviço de Auditoria Operacional, dentre outras funções que desempenhou no Tribunal, orientou e realizou trabalhos que marcaram as atividades de controle externo, deixando-os como referência de inovação, competência, sofisticação teórica e metodológica, autonomia, independência e verticalização sempre radical ( no sentido de profundo) no trato dos temas sobre os quais se debruçou. Para muito além do conhecimento meramente técnico-científico, sua leitura do mundo e das ações de governo com as quais lidava cotidianamente, alinhou sensibilidades multidisciplinares resultando sempre em análises de amplitude singular, raramente vistas num órgão de controle.
Pouco afeita à mediocridade da sensatez, “preparada de conflitos”, aberta para o novo, sempre disposta a ultrapassar as fronteiras, sempre ávida por ir além, a qualidade de seu trabalho era reconhecida não apenas por seus pares, mas até por seus fiscalizados, pois a tônica de sua atuação, apesar de rigorosa, era a da contribuição, do crescimento, da melhoria - e não da punição. Respeitada não só por sua competência, cativou a todos com seu olhar honesto, perspicaz, capaz de traduzir, num gesto, os mistérios de cada um dos que estavam ao seu lado.
Sua capacidade de fazer desabrochar talentos esquecidos ou ignorados revelou sua generosidade. Nas palavras de Manoel de Barros, Giovanna era uma “apanhadora de desperdícios”, transformando-os - por meio da palavra, do olhar e do gesto - em abundância.
Seu abraço macio e quente, desejado por todos, revelava o seu amor inesgotável por tudo o que é humano. Esse traço, esse abraço, esse amor marcou a mãe, a mulher, a amiga, a colega, a companheira de jornada e a profissional única que a Gio foi.
Adriana Moraes
