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Sarah Mohn
Sarah Mohn

É jornalista graduada pela UFG e especialista em Comunicação Empresarial e Publicidade Estratégica. Nesta coluna, escreve artigos de opinião / sarahmohn@gmail.com

Meias Verdades

Nós temos o amor que merecemos

| 19.03.15 - 08:26 Nós temos o amor que merecemos .

Goiânia - Há pouco tempo, uma frase repetida no juvenil As Vantagens de Ser Invisível ficou martelando por dias na minha cabeça. “Nós aceitamos o amor que acreditamos merecer”, sentenciavam dois diálogos distintos no drama dirigido por Stephen Chbosky.
 
Essa afirmação explicaria muitos exemplos de insucessos amorosos que encontramos por aí e me fez refletir sobre a importância do autoconhecimento. Como aceitar algo que lhe valha e como compreender o que se merece? Se você é o que constrói de si, seria fundamental, portanto, a existência da autocrença? Qual seria a fórmula?
 
Cheguei à conclusão de que um caminho poderia ser o do entendimento sobre quem se é no mundo e o que se quer diante da vida: passo determinante sobre o rumo que ela seguirá.
 
Somos bombardeados a cada segundo por milhares de informações sobre fatos tão importantes quanto fúteis. Estar antenado deixou de ser uma opção ao ser humano urbano. No contexto agressivamente competitivo, somos obrigados a estudar e nos especializar cada vez mais, já que ser apenas graduado não é mais fator de desempate técnico no mercado. Mas percebo que, em boa parcela das pessoas com quem convivo, falta a busca pelo conhecimento de si. Falta investimento em tempo para a autorreflexão e interesse no olhar interior.
 
Talvez por isso seja tão comum escutar conhecidos relatando descontentamentos sentimentais, quando não absurdos camuflados em nome do amor. Investimos na carreira profissional, passamos a vida pubertária e adulta almejando encontrar um(a) parceiro(a) que nos acompanhe, mas muitas vezes esquecemos de nos enxergar como nossa melhor companhia. Esse desespero tão corriqueiro por “ter” um(a) namorado(a) ou marido(a) cega o indivíduo. Insere-o em um jogo desonesto, um vale-tudo contra sua própria compleição.
 
Sim, somos seres sociais e culturalmente programados para não viver sozinhos. Mas isso não significa ser uma pessoa infeliz acompanhada. E o antídoto nesse caso é só um: ter coragem para encarar atitudes que serão fundamentais para alcançar a vida que se deseja – ou que se desejou um dia, quando havia esperança em algum espacinho aí dentro.
 
Perguntei a uma amiga, recentemente, qual sentimento gritava mais alto quando ela sentia vontade de terminar o já falido relacionamento com o namorado. “Medo”, ela disse. Em suas variadas vertentes, medo da solidão, medo da reação do cara, medo da não aceitação alheia, medo da constatação do fim irreversível, medo da nova possibilidade de futuro, medo da desmotivação por conhecer novas pessoas, medo da nova rotina, medo de gostar de ficar sozinha, medo das novas companhias dele, medo de deixar de existir para aquela pessoa, entre tanto outros medos.
 
Eu tentei fazê-la enxergar que a própria existência dos medos anunciava o prelúdio do fim. Eram sintomas da falência. É como quando o corpo humano, nosso maior aliado, não deixa passar aquela insistente dor de cabeça e nos obrigada a procurar médicos e exames que nos comprovem a existência de algum problema. A partir daquele momento, eu disse à minha amiga, ela deveria trabalhar sob outro prisma, o da aceitação. Aceitar as anomalias, a incompatibilidade vivencial ou mesmo a falta de amor numa relação é o início do processo de libertação.
 
Uma vez uma terapeuta me questionou sobre morte por amor. Perguntou-me se eu conhecia alguém que já morreu de amor. Respondi que não. E ela completou: “ninguém morre de amor. Ao terminar um relacionamento, você sofre, às vezes muito e por muito tempo, mas continua viva”. Constatação tão boçal, quanto genial. Dar-se conta de obviedades como essa ajuda e muito a árdua caminhada em busca de mudanças internas. Parar de sabotar seu próprio poder de decisão por medo do que advém da solidão, também. A liberdade e retorno da esperança são as melhores recompensas.
 
Bela e crucial, a frase do filme atinge a perfeição na veracidade. Mas o amor que merecemos receber só pode existir se houver espaço para ser concebido. Deveríamos, sob quaisquer circunstâncias do dia a dia, sempre nos lembrar que a vida é muito curta para se contentar com migalhas. E não vale desistir de tentar. Nunca é tarde para se questionar sobre quem se é e o que se merece. Devemos, sim, aceitar o amor que merecemos receber. Nem que todo o amor que nos baste seja o amor próprio. A felicidade é uma escolha.

Comentários

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  • 19.03.2015 18:19 Leticia Pinheiro

    "Nem que todo o amor que nos baste seja o amor próprio." Muito bom. Muito. :)

  • 19.03.2015 16:43 Juliane Souto

    Excelente reflexão... Só quando a gente se conhece e se ama é que estamos prontos a entender qual é o amor que merecemos dar e receber. Parabéns! "Nem que todo o amor que nos baste seja o amor próprio. A felicidade é uma escolha."

  • 19.03.2015 16:25 Edilaine Pazini

    Mais um ótimo texto! Sou sua fã! ;)

  • 19.03.2015 14:03 Aldo Andreetta Junior

    Adorei o texto!! Você é show Sarah

  • 19.03.2015 12:07 Pedro Oliveira

    Sensacional!!!

  • 19.03.2015 10:42 Adriano Marquez Leite

    Acho de uma lucidez enorme fazer esse tipo de reflexão. Mas confesso que acho mais fácil aplicar esse tipo de análise aos outros (amigos que me pedem opinião) do que a mim mesmo. PS: O texto está excelente!

  • 19.03.2015 09:08 Celina de Sousa

    Muito boa reflexão! O difícil mesmo é dar o primeiro passo para as mudanças, mas precisamos tentar..

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É jornalista graduada pela UFG e especialista em Comunicação Empresarial e Publicidade Estratégica. Nesta coluna, escreve artigos de opinião / sarahmohn@gmail.com

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