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Leticia Borges
Leticia Borges

Leticia Borges é especialista em Língua Portuguesa, jornalista, professora e palestrante. / leticia.textos@gmail.com

Língua e letra

Não vendo o Barça

A distância entre ver e vender um time | 27.03.15 - 15:56
Goiânia - Em um fim de tarde recente, eu estava fazendo companhia para o meu pai, em um bar do setor Oeste. Estava prestes a começar um jogo de futebol do campeonato europeu e eu, descuidadamente, postei no facebook: “Vendo o Barça”.

Imediatamente, um amigo – o mais zombador de todos – comentou: “-Quanto?”. Eu poderia ter imaginado que a ambiguidade da minha frase poderia ficar estranha, mas não esperava que a trolagem demorasse menos de um minuto para acontecer.

O problema foi ter causado uma possível confusão de sentido por causa dos homônimos perfeitos VENDO (presente do indicativo do verbo vender – Eu vendo produtos) e VENDO (gerúndio do verbo ver – Eu estou vendo produtos).

Mas no caso específico, a dupla interpretação ficou obstruída por um determinante: Barça. A maioria das pessoas que visualizaram a postagem sabe que Barça é o time espanhol Barcelona, e que no momento em questão eu estava assistindo à partida entre Barcelona e Manchester.

Mesmo assim valeu a brincadeira. Editei o comentário, e mesmo assim saio em minha defesa, falando sobre a existência da competência pragmática.

A competência pragmática é a capacidade individual de interpretar, dentre os diversos sentidos prováveis de uma situação comunicacional, a mais adequada a partir do contexto.

Ou seja, se eu tivesse escrito “Vendo roupas”, uns poderiam entender que eu estou vendendo os produtos, outros que eu estou olhando as mercadorias de uma loja, por exemplo. Nesse caso, nessa oração isolada, o contexto não possibilita uma interpretação sem dúvidas.

Mas ninguém poderia achar que eu estivesse vendendo o time de futebol. Nesse caso a competência pragmática induz o leitor a compreender o sentido mais aceitável da informação, que é o do verbo ver.

É essa competência que nos possibilita, com utilização do nosso conhecimento de mundo, interpretar as figuras de linguagem, como as tão recorrentes metáforas e ironias. Sem essa percepção, em um mundo com usos tão distintos da língua, a comunicação ficaria bem mais confusa.

Aproveitei para explicar que esse mal entendido é possível e comum na comunicação, e que ninguém está livre que cair na armadilha. Em tempo: nem foi um jogaço, pra causar esse barulho todo.
 
·         Coluna dedicada ao Aulus Rincon, patrulheiro do facebook.
 

Comentários

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  • 30.03.2015 13:11 Wesley Trigueiro

    Seu amigo fez bem em não perder a piada. Hehe. Grande abraço.

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