Entre os mais influentes da web em Goiás pelo 12º ano seguido. Confira nossos prêmios.

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351

Sobre o Colunista

Declieux Crispim
Declieux Crispim

Declieux Crispim é jornalista, cinéfilo inveterado, apreciador de música de qualidade e tudo o que se relaciona à arte. / declieuxcrispim@hotmail.com

Cine Qua Non

Adquirindo o Gosto

| 26.12.16 - 09:08
 
Goiânia - Gentle Giant é uma das minhas bandas de rock preferidas. O álbum revolucionário Acquiring the Taste (1971) ou adquirindo o gosto, na tradução para o português, é um dos mais emblemáticos da história do progressivo. À época de seu lançamento a banda fez uma célebre declaração: "Adquirir o gosto é a segunda fase do prazer sensorial. Se você se deliciou com o nosso primeiro álbum, então aprecie os sabores mais finos (nós esperamos) deste, nossa segunda oferenda. É nosso objetivo expandir as fronteiras da música popular contemporânea correndo o risco de sermos bem impopulares."
 
A música é uma arte como o próprio cinema, portanto tal declaração com a qual eu concordo plenamente pode ser estendida aos filmes. Sair da zona de conforto, experimentar novas técnicas, ousar com movimentos de câmera, ou mesmo quanto à temática e à estética, pode a princípio chocar os mais acostumados com um cinema dominante. Todavia a apreciação artística é algo que despende tempo, leituras, revisitas e dedicação, o que nem sempre acontece, uma vez que o comodismo e a falta de tempo proveniente de uma era dominada pela ditadura do salário, como bem observou o genial Júlio Bressane, ofuscam o referido exercício.
 
Não é, necessariamente, uma regra ter de buscar novas perspectivas, há artistas que trilham toda uma carreira sem almejar o novo, e que são brilhantes em seus trabalhos, mas admiro muito quem mesmo correndo o risco de se tornar impopular, ou de ter seus trabalhos incompreendidos pela crítica ou pelo público, aventura-se a romper certos paradigmas pré-estabelecidos.
 
A força da propaganda está cada vez mais presente, o olhar do público em sua maioria está domesticado pela indústria cultural. A atitude subversiva de artistas que vão de encontro ao que está em voga almejando uma identidade própria é louvável e merecedora de todos ou louros. É um caminho mais penoso, mas quem atinge o reconhecimento de sua obra goza de um prestígio admirável e tem sua obra imortalizada.
 
Durante o curso de jornalismo, precisamente no segundo semestre de 2002, os meus professores Daniel Christino e Roberto Melo me despertaram para a relevância dos diretores na condução de um filme. O Roberto me emprestava toda semana uma carrada de filmes ainda em VHS e eu os devorava como se não houvesse o amanhã. Neste momento, posso definir o marco para que eu pudesse começar a adquirir o gosto, o princípio de minha cinefilia. Stanley Kubrick, Federico Fellini e Woody Allen foram os primeiros cineastas que me instigaram o interesse e a paixão por querer assistir a todas as suas respectivas filmografias. Desde então, debruçar-me em um novo mundo tornou-se uma obsessão.

Comentários

Clique aqui para comentar
Nome: E-mail: Mensagem:
  • 10.01.2017 13:57 FLAVIA BOSSO

    Excelente texto! Adquirir o gosto é algo a ser praticado, sair da zona de conforto, buscar o novo, temos que pensar, analisar e refletir. Parabéns, Declieux.

  • 26.12.2016 13:09 Jackelline de Castro

    Realmente adquirir o gosto é um exercício a ser praticado. Temos que ser resistentes e não tolerar somente o que é imposto pela mídia. Parabéns, ótima reflexão!

Sobre o Colunista

Declieux Crispim
Declieux Crispim

Declieux Crispim é jornalista, cinéfilo inveterado, apreciador de música de qualidade e tudo o que se relaciona à arte. / declieuxcrispim@hotmail.com

Envie sua sugestão de pauta, foto e vídeo
62 9.9850 - 6351
Ver todas