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Declieux Crispim
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Declieux Crispim é jornalista, cinéfilo inveterado, apreciador de música de qualidade e tudo o que se relaciona à arte. / declieuxcrispim@hotmail.com

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Faixa Vermelha 7000

| 19.02.18 - 08:58 Faixa Vermelha 7000 (Foto: Divulgação)
Goiânia - Faixa Vermelha 7000 (1965), de Howard Hawks, é uma obra-prima tardia em sua vasta filmografia e, por vezes, um filme pouco lembrado. O próprio diretor disse que não gostava do filme. Penso que Hawks estava errado. No ano seguinte, o mestre realizaria El Dorado, um legítimo milagre. A carreira do diretor é marcada por uma coletânea de excelência fílmica. Seu legado é notório e sua influência pode ser notada em figuras icônicas como Clint Eastwood e John Carpenter. Transitou nas mais díspares vertentes cinematográficas com a mesma desenvoltura conseguindo conciliar Hollywood sem jamais deixar de realizar aquilo que acreditava. 
 
A grande quantidade de excepcionais filmes talvez explique a quase que exclusão de Faixa Vermelha 7000 em sua filmografia. O mesmo ocorre com outros grandes mestres como John Ford ou Kenji Mizoguchi. Todavia é um equívoco deixar uma obra como esta eclipsada e esta é uma película que merece ser descoberta ou redescoberta. Pode não estar entre os seus 10 maiores filmes, mas um Hawks, mesmo quando menor, e este não tem nada de menor, deve ser obrigatório a quem ama o cinema. Para se ter uma ideia, uma obra como esta é melhor do que quase tudo o que é produzido pela Hollywood atual.
 
Este período final de sua carreira merece destaque absoluto, o mesmo vale para outro gigante do mesmo patamar - John Ford -, aliás, pensar em cinema americano, e se esquecer de citá-los é um crime visto a quantidade de grandes filmes e a influência notória de ambos. Na película de Hawks em questão me parece um prelúdio para o fim da Hollywood clássica antecipando elementos que seriam vistos no movimento denominado Nova Hollywood, um marco para a história cinematográfica e, possivelmente, o último grande do cinema americano.
 
Delirante (1932) pode ser visto como um esboço para Faixa Vermelha 7000. Se o primeiro é quase uma obra-prima, o segundo é alçado a este patamar com Hawks burilando de modo estrondoso em pleno domínio de suas faculdades cinematográficas em que se vale de uma narrativa fragmentada que apresenta o fascínio e a paixão pela velocidade e os amores envolvendo três pilotos. Há noitadas regadas a bebedeiras, belas mulheres e um constante duelo tanto no campo do amor quanto nas pistas.
 
Um poema visual que versa sobre amor, carros, resiliência, reconciliação, pelo desejo ávido de seguir em frente mesmo com todas as intempéries perpetradas pela crueldade da vida e das pistas repleto de momentos tocantes e inesquecíveis. O amor, este sentimento magnânimo, que é o eixo principal que move as personagens, ora em busca de um companheiro ou companheira, ora em busca da velocidade proporcionada pelo veículo, por meio das pistas, pelo qual a adrenalina é contagiada pelo anseio de vencer e pela morte iminente. Hawks com sua desenvoltura singular traça uma obra em que os sentimentos pululam a cada instante. 
 

Comentários

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  • 20.02.2018 16:30 Flávia Bosso

    Adorei!!!!!! Como sempre uma maravilhosa leitura!!!! Parabéns!!!!

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