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Entrevista - Gilvane Felipe

"Vamos recuperar e reabrir os espaços culturais de Goiás"

Pacote de recursos será anunciado nesta semana | 02.06.12 - 18:16 "Vamos recuperar e reabrir os espaços culturais de Goiás" (Foto: Randes Nunes)
Yuri Lopes

Em entrevista na sede do jornal A Redação na tarde da última sexta-feira (1/6), o secretário de Estado da Cultura, Gilvane Felipe, falou sobre os preparativos para a 14ª edição do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) e também sobre sua gestão à frente da pasta, iniciada em 2011. Entre os principais pontos da conversa estão a regulamentação do Fundo Estadual de Cultura, a afirmação de convivência pacífica com parlamentares de partidos rivais aos governo estadual e sobre a gestão da ministra Ana de Hollanda a frente do Ministério da Cultura.
 
Entre as novidades adiantadas por Gilvane em primeira mão à reportagem está o anúncio, na próxima semana, de "um pacote vigoroso" de recursos para recuperar e reabrir vários espaços culturais em Goiás que estavam fechados. "Nós já começamos com a devolução à população na semana passada do Centro Cultural Octo Marques, no Parthenon Center", frisou o secretário.
 
"Vamos anunciar, na próxima semana, um pacote vigoroso de recursos para recuperar e reabrir vários espaços culturais"
 
O titular da Secult Goiás confirmou a reabertura do Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON) na próxima terça-feira (5/6), com a abertura do Festival Internacional de Dança. "Recebi a confirmação do próprio gestor, Nars Chaul, de que o espaço estaria em pleno funcionamento a partir do dia 5," afirmou. A administração do CCON não está vinculada à Secult Goiás, mas sim à Casa Civil. No entanto, a reabertura do espaço é uma das principais reivindicações da classe cultural.
 
Fica
O lançamento oficial do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica) está marcado para o dia 13 de junho, no Centro Cultural Octo Marques, no Parthenon Center. Segundo Gilvane, o local foi escolhido para estimular a visita ao espaço, que recebe a mostra Volta ao dia em 80 mundos, realizada pela Secult Goiás em parceria com o programa Rumos, do Instituto Itaú Cultural.

Ao ser perguntado se Caetano Veloso seria a principal atração musical do Fica deste ano, Gilvane pensou um pouco e disse que não poderia responder a essa pergunta. "Cabe ao governador anunciar as atrações musicais do festival", disse, em tom misterioso. De acordo com Gilvane, a Secult Goiás trabalhou com diversas listas de possíveis nomes de artistas e confirmou que o nome de Caetano estava em todas elas. "A vinda do Caetano para o Fica é algo que todos tentam desde as primeiras edições do festival", lembrou.
 
"A vinda do Caetano para o Fica é algo que todos tentam desde as primeiras edições do festival"
 
Gilvane Felipe explicou que a organização do Fica deste ano teve um pequeno atraso devido a mudança de agência - Agepel - para secretaria, mas ressaltou que tudo está dentro do prazo previamente estabelecido. Considerado o principal evento cultural de Goiás, o festival sofreu críticas após o anúncio dos filmes selecionados que vão concorrer aos prêmios. Gilvane disse que respeita a decisão do júri que, segundo ele, tem total autonomia para decidir quais filmes vão entrar para a mostra competitiva. "O Fica é um dos quatro maiores festivais internacionais de cinema ambiental e não pode estar sujeito a interferência política, seja do secretário ou do governador. Se não quisermos transformar o Fica em um festivalzinho político, temos que respeitar a decisão do júri", explicou o secretário. Gilvane contou que ficou triste, como goiano, pela ausência de filmes feitos por goianos na seleção do júri e disse que jamais poderia interferir na decisão.
 
Nas edições anteriores o Fica foi muito criticado por ser um evento de cunho ambiental, mas não ter mais ações de combate ao impacto ambiental. Sobre esse assunto, Gilvane afirma que, desde o ano passado, a organização do festival decidiu fortalecer a parceria com a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh). Gilvane garante que o programa Fica Limpo será reforçado. "Continuaremos na cidade três dias depois do festival  pra fazer a limpeza do espaço de show, margens de rios e devolver a cidade como a encontramos", conta.

"Se não quisermos transformar o Fica em um festivalzinho político, temos que respeitar as decisões do júri"
 
Segundo o secretário, haverá ainda redução de papelaria e reaproveitamento de material que sobrou da edição do ano passado. Segundo Gilvane, os únicos materiais que serão impressos serão os cartazes e o manual de bolso. Os blocos de anotação da imprensa serão de papel reutilizado e não serão confeccionados bonés para esta edição. A impressão física da revista do Fica será reduzida e será disponibilizada uma versão digital em PDF. "Adotamos medidas para que o Fica seja autossuficiente e dê exemplo", diz Gilvane.

O secretário de cultura não considera negativo o dado de que 90% dos visitantes do Fica vão para a Cidade de Goiás prioritariamente motivados pelas atrações musicais. "Não acredito que seja um dado negativo. Vamos reforçar a programação de cinema e meio ambiente e tentar ganhar essas pessoas que são atraídas pela música para as mostras, palestras e debates", prometeu.
 
Ações no interior
As visitas realizadas pela Secult Goiás em diversas cidades do interior resultaram no que foi considerado por Gilvane Felipe como um dos grandes diferenciais de sua gestão frente à secretaria. "As políticas culturais sempre foram conduzidas para uma dúzia de municípios e isso é errado. As ações devem ser pensadas em âmbito estadual", declarou.
 
Gilvane aponta o Projeto Agepel Itinerante como um dos grandes responsáveis pela ramificação da presença das ações voltadas à cultura em Goiás. "Com o Agepel Itinerante realizamos 14 encontros regionais, em 14 municípios do interior e que culminaram  no Fórum Setorial de Cultura, com representantes de todas essas regiões", contou.
 
O secretário conta que, de 15 a 17 de junho, será realizada uma conferência estadual de cultura, que terá a participação de mais de 80 municípios. "Isso é inédito no nosso Estado", declara.
 
"As políticas culturais sempre foram conduzidas para uma dúzia de municípios e isso é errado. De 15 a 17 de junho reuniremos 80 municípios em uma conferência estadual, algo inédito"

Gabinete aberto
O diálogo aberto com todos os representantes de movimentos culturais é considerado por Gilvane como um dos elementos responsáveis pela busca de transparência em sua gestão. Questionado sobre o que faz para evitar episódios de denúncias de corrupção, Gilvane acredita que o contato direto com a classe seja um recurso eficiente no combate à corrupção. "Recebo representantes de todos os tipos de manifestação artística e cultural, estou constantemente ouvindo críticas, opiniões e tenho contato direto com estas pessoas. Fico assustado ao saber que não havia esse tipo de contato com os principais interessados nas políticas culturais em gestões anteriores", conta.
 
Para evitar envolvimentos em denúncias de corrupção, o secretário explicou como são as práticas adotadas pela Secult Goiás. "Buscamos fazer tudo da forma mais transparente, sejam as seleções musicais, para o Fica, o Canto da Primavera ou qualquer evento que a secretaria esteja envolvida", garante ele.
 
Gilvane conta que a Secult estabeleceu a regra de que se um grupo se apresenta neste ano no Fica, ele não pode se apresentar no próximo ano no Fica nem em qualquer outro evento da Secult Goiás, como o Canto ou o TeNpo.
 
"Fico assustado ao saber que antes não havia esse tipo de contato com os principais interessados nas políticas culturais em gestões anteriores"
 
O secretário de Estado da Cultura enaltece a equipe que lidera na Secult Goiás pelo trabalho realizado nesse um ano e meio e pelos grandes desafios que enfrentaram juntos. "Não há lobbys, não há ninguém que pressione para aprovação desse ou daquele projeto, dessa ou daquela banda para tocar em eventos", destacou. Segundo Gilvane, nas reuniões promovidas na Secult, prevalece o espírito público e republicano de gastar da maneira mais transparente e produtiva os recursos da pasta.
 
Outra prática considerada importante pelo secretário para evitar casos de corrupção é a implantação do Portal da Cultura que, segundo Gilvane, é um dos próximos desafios da secretaria. "Outro projeto que queremos realizar é a agência de notícias culturais. Já estamos trabalhando na elaboração deste projeto", disse.
 
"Na minha administração não há lobby, não há ninguém que pressione para aprovação desse ou daquele projeto, dessa ou daquela banda"
 
Gilvane conta que pretende digitalizar 100% de tudo que acontece na secretaria. "Fiz isso no Sebrae e deu muito certo. Além de ser uma medida ambientalmente impactante, porque elimina o gasto do papel, a digitalização significa economia, transparência e principalmente agilidade", declarou. Segundo o secretário, o serviço público funciona melhor quando há pessoas prestando atenção e fiscalizando as ações.
 
Fomento cultural
A regulamentação do Fundo Estadual de Cultura é tida por Gilvane como a principal conquista de sua gestão até agora. Ele ressalta que a regulamentação é um dos compromissos que assumiu quando aceitou o convite de Marconi Perillo para que administrasse a então Agepel.

De acordo com Gilvane, a falta de continuidade e investimentos pontuais são os principais causadores do insucesso de políticas públicas de cultura. "O Fundo Estadual de Cultura vai acabar com isso, pois vai vincular um porcentual orçamentário que deverá ser automaticamente depositado na conta do fundo", lembrou. Recentemente, Gilvane foi eleito pelos secretários estaduais de cultura como o representante dos Estados no Conselho Nacional de Política Cultural, que é o conselho gestor do fundo nacional de cultura.

"A partir do ano que vem, será depositado 0,16% do orçamento estadual no fundo, o que representa, hoje, R$ 17 milhões. Em 2014, será vinculado 0,32%, o que representa R$ 34 milhões, depositados obrigatoriamente. Em 2015, quando a lei atinge seu auge, o governo será obrigado a depositar 0,5% do orçamento, algo em torno de R$ 54 milhões," detalhou.
 
"Acho que está na hora dos segmentos de cultura participarem, reivindicarem, questionarem, mas também aplaudirem e apoiarem"

Cobranças da classe
Gilvane considera que é natural receber cobranças e reivindicações, mas reclama ao não receber o reconhecimento de boas práticas. "Acho que está na hora dos segmentos de cultura participarem, reivindicarem, questionarem, mas também aplaudirem e apoiarem, pois as mudanças estão chegando", reclamou o secretário.

Entre as ações que merecem ser reconhecidas, Gilvane destaca o próprio Fundo Estadual de Cultura, que será uma fonte fixa de fomento cultural. "Não tínhamos nenhuma fonte permanente de fomento, agora temos. Só não foi aplicada neste ano porque o orçamento foi aprovado no ano passado, em setembro, pela Assembleia Legislativa de Goiás", pontua.

O secretário é otimista quanto ao futuro. Os tempos de desconfiança e insegurança, segundo ele, ficaram para trás, no ano passado. "Tenho certeza que a partir do segundo semestre deste ano e, principalmente, a partir do ano que vem, nós vamos deslanchar com força total", reforçou.

"Tenho certeza que a partir do segundo semestre deste ano e principalmente a partir do ano que vem nós vamos deslanchar com força total"
 
Relação com o Minc
A ministra da cultura, Ana de Hollanda, vem sofrendo ataques à sua gestão desde que assumiu o ministério, o que é considerado por Gilvane como algo natural já que, de acordo com ele, formar equipe e definir prioridades leva tempo.
 
Gilvane é amistoso ao se referir à administração de Ana de Hollanda frente ao MinC. "Tenho uma compreensão muito grande das dificuldades enfrentadas pela ministra. Não compartilho dos ataques a ela feitos. Eu considero essa nossa gestão como aliada à gestão dela", declarou. Gilvane compara as dificuldades enfrentadas tanto pela Agepel e Secult Goiás quanto pelo MinC e que renderam uma sequência de críticas e reclamações. "Nós contingenciamos a Lei Goyazes, mas eles contingenciaram quase todos os programas. O nosso público, o povo da cultura é, por definição, um povo muito impaciente, até porque foi muito pouco atendido no decorrer da História. Então, há muita demanda reprimida. A chiadeira se impôs, mas essa chiadeira deu uma acalmada", considera ele.
 
"O nosso público é, por definição, um povo muito impaciente, até porque foi muito pouco atendido no decorrer da História. Então, há muita demanda reprimida"
 
Diferenças políticas
A relação que a Secult Goiás mantém com o MinC é de extrema parceria e diferenças políticas não são consideradas. Pelo menos é o que garante o secretário. "Trabalhamos com o MinC independentemente de qualquer preferência partidária", declara Gilvane. Nós somos parceiros. Temos sido agraciados pelo ministério com o projeto Criativa Birô, que são escritórios de apoio a negócios de economia criativa", enumera ele. Gilvane conta que apenas cinco capitais vão receber recursos para implantar esse projeto e Goiânia será uma delas. Outra parceria citada pelo secretário é o Plano Estadual de Cultura, que está em elaboração conjunta com o MinC.
 
"Para que as políticas públicas de cultura avancem é preciso que estejamos todos unidos, e é isso que pretendemos"
 
Outro exemplo de pluripartidarismo mencionado por Gilvane é a ajuda da deputada federal Marina Sant'Anna (PT-GO) que tem apoiado causas de relevância para a área cultural, por fazer parte da Frente Parlamentar de apoio à Cultura. Outro episódio lembrado por Gilvane foi o convite que recebeu do deputado estadual Mauro Rubem (PT-GO) para comparecer a um debate na Assembleia Legislativa de Goiás. Mauro é apontado hoje como um dos principais oposicionistas do governo estadual. "Fui até a Alego e tivemos um debate de alto nível sobre cultura. Concordamos na grande maioria das questões. Discordamos, no máximo, de meia dúzia de assuntos", conta.
 

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Comentários

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  • 03.06.2012 01:46 Jairo

    Gilvane já teve bastante espaço no jornal, né? em várias ocasiões. podiam ouvir a versão dos artistas que andam reclamando por aí. não sei se eles tem lá muita razão, mas enfim.

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