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Cinema

Curtas-metragens goianos competem na mostra oficial do Fica 2013

'Destimação' e 'Boiúna' são alguns deles | 03.06.13 - 10:27 Curtas-metragens goianos competem na mostra oficial do Fica 2013 Destimação é um dos curtas goianos que serão exibidos no Fica 2013 (Foto: divulgação)
Fabrício Cordeiro

Goiânia
- A um mês do início do Fica2013, que ocorre de 2 a 7 de julho, chamo a atenção para duas das três produções goianas que competem na mostra oficial de curtas ambientais, grande temática do festival: o documentário Boiúna (2012), de Maurélio Toscano, e a animação Destimação (2012), de Ricardo de Podestá. O documentário Dona Romana e o Grande Eixo da Terra (2011), o qual ainda não vi, é o terceiro representante de Goiás.
 
O trabalho de Podestá, sócio-diretor da Mandra Filmes, já teve boa rodagem ano passado, incluindo o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, mas atingiu seu auge em fevereiro deste ano ao ser selecionado para o Festival de Berlim.
 
A Mandra está mais do que em casa no Fica e Destimação parece promover um salto significativo da produtora, que aqui aposta em algo mais histérico e perturbado, um humor que chega a triscar no doentio. Acinzentado, o filme traz uma ave aprisionada e os habitantes de um apartamento a um ambiente que transita entre o urbano e o animalesco. Os bípedes soam como animais e todo ser vivo pertence a um mesmo traço, confundíveis. Ironicamente, um televisor é o único objeto a emanar alguma cor. Resulta num interessante curta sobre enjaulamento, por vezes afobado no tom, mas talvez a própria afobação encontre lugar como sintoma do que o filme procura retratar.
 
Já Boiúna surge como resultado de uma oficina ministrada por Maurélio Toscano no Projeto Rondon, coordenado pelo Ministério da Defesa, em julho de 2011, no município de Boa Vista do Ramos (AM), antes chamado de Boiúna. Quem acompanha o trajeto de Toscano, estudante do curso de Audiovisual da UEG, percebe a construção de um currículo camaleônico, tendo se aventurado no experimental (Mostra Tua Cara, 2010), em videoclipes (Your Place, da banda Ploriphonic), ficção (O Horizonte Está nos Olhos, 2012) e, agora, no documental. Consegue aqui um doc redondinho e que chuta bem.
 
O curta investiga a mudança dos nomes do município e o que há de lendário na tradição dos índios da região ("Boiúna", nascente próxima ao rio Paraná do Ramos, significa "cobra grande", elemento da mitologia amazônica), aspecto que caminha no passo do filme, entre planos do rio e do entardecer local, ensaiando na montagem um diálogo entre dois nativos. Essa medula indígena toma de vez o palco no elo entre os dois últimos planos, um depoimento eloquente e um registro silencioso, fincados pela simplicidade de um corte seco que parece mostrar, com força e elegância conclusiva, do que o filme realmente se trata.
 
Boiúna terá sua exibição no 15º Festival Internacional de Cinema Ambiental em meio ao furor do debate a respeito da desapropriação de terras indígenas no Brasil. Conflitos recentes em Mato Grosso do Sul e no Norte do país parecem trazer um peso a mais à declaração final do documentário.

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