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Férias

República Dominicana para além dos resorts

Um roteiro nothing inclusive | 30.11.14 - 16:57 República Dominicana para além dos resorts (Foto: Nádia Junqueira)
Nádia Junqueira

Santo Domingo - Não é à toa que República Dominicana abriga centenas de resorts que acolhem pessoas do mundo todo em alta e baixa temporada. A natureza caribenha que rodeia a ilha não é algo trivial. Se não é para nós, que temos belíssimas praias e pequenos caribes, como em Maragogi – Alagoas - imagine para quem vem de continentes de praias com areia grossa, céu cinza e mar gelado. Não dá para não imaginar a cara de Cristóvão Colombo quando parou ali. 

Ocorre que as praias deslumbrantes, de mar azul anil, céu constantemente aberto e igualmente azul, com coqueiros e areia fina não são exclusivas de Punta Cana. Elas estão por toda a parte e você não precisa pagar um absurdo para poder desfrutá-las. A não ser, é claro, que queria desfrutar de all inclusive que, sem dúvida, é a melhor opção para quem quer apenas descanso absoluto no mar do Caribe. 

No entanto, República Dominicana guarda muita história e cultura para dentro da faixa de areia das praias que a rodeiam. E eles, dominicanos, têm se esforçado para que o turista dê oportunidade a isso. Se você quer conhecer o país onde começa a história da europeização da América, desfrutar de praias sem ir para resorts all inclusive e explorar um país da América Latina com orçamento reduzido, vem comigo.

Conhecendo o país
Santo Domingo é a primeira capital europeia das Américas. Por isso guarda muita história e vale a pena conhecer mais do que o aeroporto. A cidade se parece com uma capital pequena do Nordeste brasileiro – a mistura de belas praias, clima quente, pobreza, desigualdade social, centros históricos com arquitetura colonial e trânsito. Esse último mais diferente do que ao que estamos acostumados. Muito caos, pouca regra, muita buzina. Três pessoas em cima de moto sem capacete é normal. Estado parece não existir. 
 
 (Foto: Nádia Junqueira)
 
República Dominicana ocupa 10º lugar no PIB da América Latina. A desigualdade social é explícita e muito atrasada. Nas ruas vê-se carros ou extremamente velhos e acabados ou SUV’s. Não há meio termo. Há bonitos e organizados centros comerciais e, ao redor da Zona Colonial, um centro mais empobrecido, com muita sujeira e muito atraso. Nada bonito de se ver e de estar.  
Onde há pobreza, há violência. Por isso, deve-se ter os mesmos cuidados que se têm ao passear por qualquer capital litorânea brasileira. Nada além. Ademais, na Zona Colonial há muito policiamento. 

Santo Domingo
Antes de indicar o que se pode conhecer na cidade, faço uma observação. Fui para Santo Domingo com pouca expectativa, o que foi ótimo para mim e acabei surpreendida. Meu companheiro, historiador, foi com muita e se frustrou. Para ele, a cidade – o centro histórico, sobretudo – não só não é diferente de outras capitais da América do Sul, como deixa a desejar. Eu continuo insistindo: vale à pena.
 
O Centro Histórico é formado por arquitetura colonial e em um dia você consegue conhecer as coisas legais dali. O Parque Colón é uma praça arborizada no coração da Zona Colonial onde há a primeira Catedral das Américas. 
 
(Foto: Nádia Junqueira)

Além desse prédio, há restaurantes legais, lojas de gift shop e fábricas de charuto. Você pode entrar, ver como é feito, sentir o cheiro das folhas e comprar, é claro. 
 
(Foto: Nadia Junqueira)

Logo à esquerda segue a Calle El Conde. Ela guarda um intenso movimento que mistura turismo com comércio típico da cidade. Foi por ali que encontramos um típico restaurante de comida criola e pudemos desfrutar do famoso mofongo: camarão ou carne de porco com banana verde amassada. Juro que é gostoso.
 

(Foto: Nádia Junqueira)
 
Na parte de cima da Zona Colonial você encontra a primeira construção da Igreja Católica nas Américas: um mosteiro em ruínas. Não há um turismo estruturado e entramos ali apenas por acaso. Já estávamos indo embora depois de observar o edifício, pelos portões, quando uma senhora que lavava lá dentro nos convidou a entrar. Depois, claro, nos cobrou umas moedinhas. 
 
(Foto: Nádia Junqueira)

Mas se você estiver em um domingo por ali, não deixe de ir à noite. O Ministério da Cultura tem um projeto de ocupação do espaço com música regional nesse dia. É uma coisa linda de se ver. Monta-se um palco e à frente colocam um tablado de madeira para que as pessoas dancem. Espalham cadeiras, o comércio de bebidas e comidas cerca o espaço e a festa está feita.
 
Assistimos ao grupo Boney, de merengue de verdade. Música de alta qualidade e os dominicanos felizes da vida dançando ali no tablado provocando uma alegria em mim que deve ser parecida com a de gringo vendo muita gente sambando junto. Também posso ter parecido ridícula dançando merengue como os gringos são dançando samba. Mas, de todo modo, um regalo para quem quer viver a cultura dominicana para além das praias.
 
Bem ali perto, ao lado do mosteiro, um achado: La Piedra. Uma lanchonete que parecia pouco confiável, mas que nos serviu um hamburguer que nos fez voltar. De deixar fast foods no chinelo. Além, é claro, de ser imensamente mais barato que os pratos oferecidos nos restaurantes da Zona Colonial.
 
Típico da arquitetura espanhola, também há na Zona Colonial a Plaza España, com sofisticados restaurantes e bares de noite e alguns shows e apresentações gratuitos. Também é ali que está a antiga casa de Diego Colombo, filho de Cristóvão Colombo, onde hoje é um museu.
 

(Foto: Juliano Medeiros)

Conhecendo o espaço, se conhece um pouco da história do país, além de ter uma bela vista do Rio Osama.
 
(Foto: Nádia Junqueira)

Santo Domingo não oferece praias. Mas o mar e o céu, lindos, estão ali rodeando a zona colonial. Por isso vale um passeio pelo Malecón, que margeia a praia chegando a esse espaço aberto onde se pode ver um bonito pôr do sol, tomar uma cerveja Presidente e ver a vida passar.
 
(Foto: Nádia Junqueira)

Para os souvenirs, reserve um tempo para ir ao mercado público. Além de ser um prédio bacana de se visitar, você encontra tudo o que quer comprar de artesanato ali. Com boa variedade e preços mais legais que em outros pontos do país. Quanto aos runs e charutos, procure os velhos e tradicionais armazéns da Zona Colonial. Não é coisa para turista – ou não apenas. Ali os próprios dominicanos fazem suas compras. 
 
Praias
Da nossa experiência com as praias, posso compartilhar quatro coisas:
 
1) É bacana conhecer mais de uma praia da República Dominicana.
2) Você não precisa ir para um all inclusive para desfrutar delas.
3) Você pode conhecer várias usando o transporte da cidade e indo em uma diferente por dia. O que é muito cansativo.
4) Ou você pode escolher uma só, por exemplo. Sair de Santo Domingo usando transporte da cidade e escolher um hotel normal, sem ser resort. Pode ser menos cansativo.
 
Das experiências indicadas, vivemos as três primeiras e talvez indique a quarta. Digo talvez porque pensei que pode ser bem mais confortável se você pensar em ir para descansar. Mas se estiver com pique e quiser conhecer muita coisa, mesmo custando o cansaço, é uma opção.
 
Acontece que as praias bacanas começam a partir de 35 quilômetros de Santo Domingo. Uma distância pequena se está de carro, cujo preço do aluguel é salgado (R$210 a diária) e preço do combustível abusivo, algo como R$20 o litro. Se quiser ir de táxi, algo como R$240 ida e volta. Salgado se não estiver com carro cheio. E se quiser ir de guagua (algo como vans), fica baratinho, como R$4 por pessoa. Mas tem que estar disposto a estar sujeito a um transporte meio sem regras.

Há garagens pela cidade e algumas próximas à Zona Colonial, no Parque Enriquillo. Saem muitas guagas e ônibus o tempo todo para várias praias e cidades. Mas apenas quando estão cheios. Fomos sentados em todas as ocasiões e em apenas uma situação pessoas foram em pé e demoraram muito para que a guagua saísse, esperando que a van lotasse. Mas é bom avisar, porque isso acontece. 
 

(Foto: Juliano Medeiros)
 
Então, para dimensionar o que é usar o transporte público (ou semi) para ir para praia: 35 quilômetros, pelo menos. Andar até as garagens (algo como 10 a 20 minutos dependendo de onde estiver na Zona Colonial). Trânsito e mais trânsito. Tolerar, se for o caso, que a guagua encha e que pare para pegar mais pessoas. Tolerar, igualmente, música gospel e merengue tocando sem parar. Mas pagar, apenas, R$ 4. 

Se te animou, vamos embora que te conto quais praias pode visitar. Se já se cansou, recomendo, então, escolher uma dessas abaixo. Depois de conhecer Santo Domingo – não deixe de fazê-lo – pegue sua malinha, tome a guagua ou ônibus e se hospede em um hotel em uma dessas praias. Há mais simples e os luxuosos. Você escolhe.

Bayahibe
Essa é a mais linda e, por isso, exige mais esforço. Deve-se pegar um ônibus de uma das garagens do centro até a cidade La Romana. Isso leva 1h30 de viagem. Lá, eles te deixam num ponto onde você pega uma guagua até Bayahibe. Mais uma meia hora de viagem e voila
 
(Foto: Nádia Junqueira)

Não conhecemos, mas bem ali perto está a Ilha Saona que dizem ser mais paradisíaca ainda. Só se chega até lá de lancha e isso sai por volta de U$35 por pessoa.
 
Boca Chica
É a mais próxima de Santo Domingo. E, por isso, a mais cheia. Esse dia era uma sexta-feira e, por isso, a praia estava mais tranquila. Ouvimos falar que é lotada aos fins de semana. Por isso, ou a evitem ou estejam preparados. Também estejam prontos para pagar por volta de R$20 a R$30 para usar cadeira e guarda-sol, mesmo consumindo piña colada de R$36.
 

(Foto: Juliano Medeiros)

San Juan Dolio
Um pouco depois de Boca Chica. Fomos num domingo e havia muitos dominicanos aproveitando o dia de folga e poucos turistas. Isso porque é uma praia pública e os turistas se concentram, de fato, naquelas onde estão os hotéis. A menos bonita das três. O que continua lhe fazendo lindíssima, porém.

(Foto: Nádia Junqueira)
 
Vôos direto: Rio de Janeiro e Brasília - Santo Domingo
Câmbio: R$ 1 = 13 pesos
População do país: 10 milhões de habitantes
Língua: Espanhol
Clima: quente o ano todo. Sol entre novembro e abril. Entre maio e outubro chove e pode haver furacões.
 
 
 
 
 

Comentários

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  • 01.12.2014 15:28 Joao Carlos

    Muito bom, Nadia, adorei as dicas. Já tá no meu roteiro

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