Goiânia - A nova gestão da Associação Comercial e Industrial de Serviços do Estado de Goiás (Acieg) tomou posse na última segunda-feira (17/3). Helenir Queiroz foi reeleita e segue na presidência da entidade até 2017.
Primeira mulher no comando da Acieg, Helenir é conhecida por sua postura extremamente profissional e firme. Em entrevista ao jornal A Redação, a empresária destacou os principais desafios e frentes de trabalho da nova gestão.
Transporte coletivo
Um dos principais temas abordados foi o problema do transporte coletivo de Goiânia. "A Indústria e Comércio é o maior usuário do transporte coletivo da capital. Os trabalhadores do setor são os mais prejudicados com a falta de gerência. Perdem uma, duas horas para chegar ao trabalho, o que, claro, afeta a produtividade do sistema", explica.
Para Helenir, a questão deve estar acima da definição entre Prefeitura e Estado, que debatem apenas divergências partidárias. "Os representantes públicos precisam parar com essa 'queda de braço' para decidir de quem é a responsabilidade do transporte. É preciso que melhorias efetivas sejam feitas com um objetivo claro: melhorar a vida do cidadão", enfatiza.
Como organização social, a Acieg pretende continuar na luta pelos direitos do contribuinte, bem como firmar-se como fiscal das ações do poder público. Helenir é enfatica ao dizer que "as autoridades precisam começar a olhar para o cidadão, que é quem paga os impostos e mantém o País. O governo é gestor do bem público e não comandante. Há uma grande diferença".
A presidente, quando perguntada sobre quais seriam, para ela, as soluções do transporte público, afirma que o problema da má gestão dos recursos é o que atrapalha o funcionamento do sistema.
Segundo ela, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (Setransp) recebe somente R$ 1,95 dos R$2,70 cobrados por passagem. "A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) é toda bancada pelos passageiros. Folha de pagamento dos funcionários, o prédio, a estrutra física... Tudo", explica Helenir.
Além disso, todas as gratuidades - PNEs, Gestantes, Estudantes Obesos e Idosos - deveriam ser bancados pelos impostos que já são pagos hoje, mas são bancado pelo usuário. "O nosso transporte coletivo não tem um centavo de subsídio e os próprios usuários subsidiam a estrutura da Prefeitura. Não é lógico!", contesta.
(Foto: Renan Accioly)
Energia
Nesta nova etapa à frente da Acieg, Helenir elenca como o maior desafio para o crescimento da Indústria e Comércio, e também do País, a problemática da energia. "Existe uma bomba inflacionária no setor de geração de energia que, após as Eleições, vai estourar e afetar profundamente a distribuição no Brasil", enfatiza.
Segundo ela, o Governo Federal não trata os assunto com clareza e tentar abafar a geração e consumo desta energia elétrica que, atualmente, é sete vezes mais cara do que deveria. "Em vez de pedir para que a população economize e use conscientemente o recurso, o governo Dilma, por questões eleitoreiras, negligencia o problema", alerta.
O reflexo virá de todos os lados e terá consequências preocupantes no comércio e na indústria: "energia elétrica não é só aquela de casa. Energia elétrica é insumo de qualquer produto produzido pelo setor".
Helenir frisa ainda que o problema em Goiás é mais grave. "Aqui nós temos um desafio particular. Nossa estrutura de distribuição de energia está sucateada. Não temos a menor condição de distribuir energia a todo o Estado e isso reflete na expansão industrial, que não é possível sem ela".
Divulgar o recém conquistado Código de Defesa do Contribuinte por todo o Estado é também outro desafio da nova gestão. Além dele, divulgar o projeto Menor Aprendiz também faz parte das principais demandas. "Lutaremos por uma desburocratização do processo de contratação desses jovens. O projeto incentiva o trabalho, gera oportunidade e diminui problemas sociais, qualificando mão de obra", explica a presidente.
Política
Não é incomum ver presidentes de associações empresariais e representantes de organizações sociais saírem candidatos a cargos públicos. Aproveitando o ano de Eleições, a reportagem questionou a empresária se ela teria interesse em concorrer a alguma vaga na Assembleia ou mesmo no Congresso. A resposta foi instantânea: "Não tenho a menor vontade de ser candidata".
Helenir explica que é uma questão de vocação e que nasceu para ser empreendedora, tem olhar mercadológico e voltado para o setor privado. "Eu gosto de empreendedorismo, não nasci nem para o Legislativo e nem para o Executivo", explicou.
Antes de terminar a entrevista, com muito bom humor, ela deu sua própria solução para o caos no transporte público na capital: "Privatizaria 100%. Faria igual com as telefonias e entregaria à iniciativa privada. Garanto: o serviçlo estaria melhor, mais barato e eficiente", arremata.