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Escândalo

Odebrecht derruba primeiro presidente na América Latina

Pedro Pablo Kuczynski renunciou no Peru | 22.03.18 - 16:12 Odebrecht derruba primeiro presidente na América Latina (Foto: causaoperaria.org)

São Paulo - O devastador escândalo de corrupção em torno da Odebrecht, umas das gigantes brasileiras da construção, continua cortando cabeças de líder latino-americanos: no Peru, Pedro Pablo Kuczynski se tornou o primeiro presidente a cair por este caso.
 
Kuczynski se tornou na quarta-feira o primeiro presidente em exercício a renunciar por seus vínculos com a Odebrecht, empresa que admitiu ter pago quase US$ 5 milhões para consultoras relacionadas com o chefe de Estado quando ele era ministro, entre 2004 e 2013.
 
“Disseram que as coisas mudariam, mas sou pessimista sobre América Latina (…) Vemos que são hábitos praticados praticamente por toda a classe política latino-americana. É preciso mudar a política, as regras de financiamento dos partidos políticos para que isto não volte a ocorrer”, opinou Gaspard Estrada, diretor do Observatório Político de América Latina e Caribe (Opalc) da Universidade de Ciências Políticas de Paris.
 
O escândalo da Odebrecht, “que tem o efeito de paralisar projetos estruturais que impactam a economia” de todo o continente, segundo Raúl Ferro, assessor acadêmico do Centro para Abertura e Desenvolvimento da América Latina (Cadal), atinge também vários ex-presidentes e políticos peruanos.
 
A empreiteira brasileira disse que repassou dinheiro para todas as campanhas eleitorais no Peru entre 2006 e 2011. O ex-presidente Ollanta Humala está preso há mais de oito meses e o país deve apresentar em breve um pedido aos EUA para que o também ex-presidente Alejandro Toledo seja extraditado por sua suposta implicação no caso.
 
A Procuradoria solicitou a pena máxima e a Suprema Corte acompanhou o pedido: em meados de dezembro, o vice-presidente equatoriano Jorge Glas foi condenado a seis anos de prisão por ter recebido US$ 13,5 milhões em suborno da Odebrecht.
 
Vice-presidente desde 2013 e em prisão preventiva desde outubro, Glas é o líder político em exercício de mais alto escalão a ter sido condenado por esse caso na América Latina.
 
Sua sentença “marca uma ruptura com o encobrimento da corrupção que houve durante o governo de Rafael Correa (2007-2017)”, comentou recentemente o cientista político Simón Pachano, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) de Quito. Glas foi afastado de suas funções em janeiro.
 
Brasil, o berço do escândalo
No Brasil, o número de baixas é maior. Como as investigações revelaram até agora, a Odebrecht tinha um departamento chamado “Setor de Operações Estruturadas”, que foi rapidamente rebatizado pela Polícia Federal como “Departamento de Propinas”.
 
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) é acusado de envolvimento nesse caso. A Justiça investiga possíveis doações feitas ao presidente (um triplex, um sítio, terrenos) por parte da construtora.
 
Condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, Lula será informado na segunda-feira do veredicto sobre sua última apelação, no Tribunal de Segunda Instância de Porto Alegre (TRF4).
 
Os próximos dias e semanas podem dar lugar a vários cenários, que vão desde sua detenção até uma eleição presidencial em 2018, para a qual é o grande favorito, apesar de sua condenação.
 
“A possível queda do presidente peruano provavelmente será usada nas eleições brasileiras para criticar os governos do PT”, disse o analista político Maurício Santoro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).
 
O diretor-executivo do grupo, Marcelo Odebrecht, foi sentenciado a passar 19 anos atrás das grades. No final de 2017, deixou a prisão para cumprir detenção domiciliar como recompensa por sua colaboração com a Justiça.
 
Suas declarações permitiram investigar oito ministros do gabinete do presidente Michel Temer, um terço do Senado e mais de 40 deputados federais.
 
Outros líderes atingidos
O escândalo também afetou a Venezuela, onde o grupo brasileiro disse ter pagado US$ 98 milhões. O presidente Nicolás Maduro é suspeito, mas a Justiça, acusada pela oposição de servir aos interesses do chefe de Estado, rejeitou qualquer pedido de investigação.
 
No Panamá, dois filhos e três ex-ministros do ex-presidente Ricardo Martinelli (2009-2014) foram acusados. (Agência Estado com AFP)

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