Michelle Rabelo
Goiânia - Estudantes e usuários do transporte coletivo em Goiânia realizaram uma manifestação, nesta quarta-feira (8/5), que parou o trânsito durante quase toda a manhã na Avenida Goiás, no Setor Central. O motivo da manifestação foi um possível aumento no valor da passagem. A Rede Metropolitana de Transporte Coletivo da Grande Goiânia (RMTC) rebate informando que os estudantes estão antecipando uma coisa que ainda não existe.
A manifestação foi marcada por meio do Facebook e é coordenada por um movimento "autônomo, apartidário e aberto" chamado Frente Contra o Aumento. Através do site de realcionamento foi feita a covocação para manifestações, bloqueios de rua, paralisações de terminais, pulo de catracas, panfletagens e outras "ações necessárias que demonstrem a força, a conscientização e a luta dos usuários".
O grupo protesta também contra a má qualidade do serviço. O movimento afirma que a previsão é que o aumento eleve o preço da passagem, que atulamente é R$ 2,70, para R$ 3,00. A RMTC informou ao jornal A Redação que ainda não houveram sequer conversar sobre isso. A assessoria de imprensa explicou que para haver um aumento deve ser feito um estudo que analisa a real necessidade de qualquer alteração na tarifa.
Para isso são convocados nove membros, entre Governo, Prefeitura e Assembleia Legislativa que debatem o tema na Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC). Na ocasião, além de um possível reajuste, são debatidos temas como criação e alteração de linhas de ônibus.
Sobre o fato de um possível reajuste no valor da passagem estar relacionado com o aumento concedido aos motoristas que entraram em greve na semana passada, a assessoria explica que o debate é mais complexo. "O aumento de 9% no salário e de 25% no ticket- refeição é um dos pontos analisados na hora dedecidir se haverá ou não reajuste. Um os pontos e não o ponto definidor".
Os manifestantes colocaram fogo em papelões na Avenida Anhanguera, o que resultou na chegada de policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar. Eles continuam no local.
Veja convite na íntegra:
R$2,70 já é roubo!
Esse ano as empresas do transporte e seus parceiros “públicos” anunciaram outro aumento da passagem de ônibus. A ideia é que a tarifa aumente para R$3,00! Esse aumento, como todos os aumentos que tivemos nos últimos anos, não se justifica para os usuários do transporte coletivo. Os atrasos e os ônibus superlotados continuam! É mais um aumento para saciar a sede de lucros das grandes empresas que compõem a Rede Metropolitana de Transporte Coletivo.
Em 2007, a passagem de ônibus era R$1,80. Em 2012 já chegou a R$2,70. É um aumento de 50% em apenas 5 anos! Mesmo a inflação aumentou apenas 35% de 2007 pra cá… será que houveram tantos custos extraordinários que justifiquem?
O usuário não é bobo: quais são os custos?
Ninguém sabe o que realmente acontece no transporte público em Goiânia. Quais são os custos das empresas? Quantos ônibus realmente estão circulando? Quanto lucro é gerado com esse serviço de péssima qualidade? Como se justificam os aumentos da passagem na realidade do transporte aqui em Goiânia? Por que esses dados não são publicados e ficam só entre os empresários e os cargos de confiança de políticos com campanhas financiadas pelas próprias empresas do transporte? Para nós, não basta inventar uma fórmula e um ‘compromisso’ entre empresas e políticos. Exigimos a publicação das planilhas de custos e lucros das empresas do transporte público!
Quem decide?
Na Câmara Deliberativa de Transporte Coletivo (CDTC) em que se decidem aumentos da passagem, criação e alteração de linhas de ônibus, não há um representante sequer dos usuários e trabalhadores do transporte coletivo! Os aumentos sempre são aprovados por todos os presentes, é só as empresas darem a ordem. Os aumentos anuais, nunca justificados plenamente, são uma das expressões do grande poder que as empresas do transporte exercem diariamente sobre a população usuária do transporte em Goiânia. As linhas são decididas de acordo com as conveniências políticas e necessidades de lucro das empresas. Nos terminais e ônibus as empresas circulam seguranças armados que impõem as regras particulares das empresas nos espaços públicos. Continuaremos aceitando isso? Que democracia é essa em que um punhado de empresários manda e mais de um milhão de usuários e milhares de trabalhadores do transporte só obedecem?
Transporte “público”?
Em Goiânia não há transporte público. O que há é um serviço público que as empresas exploram para o seu lucro, um serviço essencial para conseguir viver na cidade e acessar outros serviços básicos como saúde, educação e lazeres. Não temos sequer um passe livre estudantil para conseguir chegar às escolas e universidades para estudar. Com essa tarifa abusiva, as nossas viagens e os nossos direitos ficam ainda mais limitados pela necessidade de lucro das empresas.
A saída é a luta e a organização!
Nós da Frente Contra o Aumento chamamos a todos os usuários para se organizarem e lutarem contra mais esse aumento abusivo da tarifa! Manifestações, bloqueios de rua, paralisações de terminal, pular catracas, panfletagens e mais todas as ações necessárias que demonstrem a força, a conscientização e a luta dos usuários!
A frente é um movimento autônomo, apartidário e aberto que busca juntar os usuários do transporte contra o aumento da passagem. Todos os grupos e indivíduos que quiserem agir contra o aumento estão convidados a participar! Nossas reuniões são públicas e costumam ser anunciadas nas redes sociais anteriormente.