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Café de Ideias

Sociólogo Demétrio Magnoli: "Lula não tem ideologia"

Estudioso deu palestra em Goiânia | 12.04.14 - 09:08 Sociólogo Demétrio Magnoli: "Lula não tem ideologia" (Foto: Lorena Lara

Lorena Lara

Goiânia - Sociólogo e doutor em Geografia Humana, Demétrio Magnoli foi o palestrante do Café de Ideias na noite de quinta-feira (10/4). O estudioso também integra o Grupo de Análises da Conjuntura Internacional da USP (Gacint - USP) e é autor de diversas obras, como "A Vida Louca dos Revolucionários", "Liberdade versus Igualdade" e "O Corpo da Pátria".
 
Atualmente, Magnoli é colunista dos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, além de comentar sobre política internacional no Jornal das Dez, do canal Globo News.
 
O tema da fala de Magnoli foi "O Brasil, 20 anos depois do Plano Real". Defendendo sua tese de que o Plano Real foi um parêntese na história econômica do Brasil, o sociólogo afirmou que o plano marcou o rompimento com a herança do governo de Getúlio Vargas, que acabou sendo retomada com a eleição de Lula, em 2002.
 
Entre críticas ao modelo econômico praticado pelo governo do PT, Magnoli citou a mudança de posicionamento do partido desde a ascensão ao governo federal. "O PT deixou de ser o partido da transformação e passou a ser o partido da ordem. Depois disso, passou a ser o partido da velha ordem", afirmou, se referindo à retomada do capitalismo de estado criado durante o varguismo.
 
Sem ideologia
O estudioso ainda ressaltou que a política econômica praticada por Lula é guiada pelos seus interesses. "Lula não acredita no capitalismo de Estado, Lula não acredita na política econômica do Plano Real. Lula não tem ideologia. Ele acredita nas políticas que o permitam reproduzir e manter o seu poder. Minha hipótese é de que a política econômica do lulismo é uma oscilação cíclica entre o capitalismo de Estado e o movimentos de recuo rumo ao ortodoxismo econômico.", explicou.
 
"O Brasil funcionaria entre essas duas orientações opostas, nunca conseguindo avançar na direção de reformas, mas nunca regredindo até o estado venezuelano de inflação e gastos públicos descontrolados", disse Magnoli. Sobre os atuais índices de inflação registrados no Brasil, o socilógo apontou que "hoje nós estamos fora do teto da meta da inflação e ela só não aparece mais claramente porque está sendo artificalmente represada às custas da Petrobras e da Eletrobrás".
 
Para ele, a contenção da inflação atualmente vai gerar consequências no início do próximo ano. "O tesouro está ajudando a Eletrobras agora e nós vamos pagar a dívida da energia logo após a eleição. Vai ter um tarifaço energético para cobrir a dívida, não importando quem seja eleito", explicou.

Petrobras
Ainda sobre a questão energética e os escândalos na Petrobras, Magnoli afirmou, em entrevista ao AR, que essa será uma questão chave no processo eleitoral de 2014. "Nas eleições anteriores, a Petrobras foi apresentada como um símbolo máximo de uma certa visão do governo do PT sobre as estatais e sobre a economia brasileira. E é justamente esse símbolo que foi usado como símbolo político em duas eleições que hoje está mal na fita. Não tenho dúvida nenhuma que a crise da Petrobras é um fator eleitoral. Não digo que é um fator decisivo, mas é um fator eleitoral importante", ressaltou.
 
Quanto às pautas que devem guiar os debates entre os candidatos, o sociólogo apontou que espera que o lugar do Estado na economia brasileira seja discutido. "Não sei qual vai ser a principal pauta porque não estou na cabeça dos cadidatos e muito menos na cabeça dos marqueteiros. Mas espero que essas denúncias sejam usadas para irmos além e discutir os modelos, as propostas, as ideias econômicas que devem nos orientar", disse o estudioso

Magnoli ainda afirmou que deve se tentar fazer o uso virtuoso dos debates a partir da crise da petrolífera. "Eu acho que vale  dizer que tem coisa muito estranha na Petrobras, mas dizer só isso é empobrecer o debate e tratar mal os eleitores, eles merecem mais do que isso", finalizou o sociólogo.

 

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